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Israel controla passagem de Rafah; Hamas dá ultimato para soltar reféns

O grupo palestino, em resposta, garantiu que a negociação de paz no Cairo é “a última chance” de libertação dos reféns israelenses

Redação Jornal de Brasília

07/05/2024 22h18

menina palestina reage aos escombros de uma casa em Deir el-Balah, no centro da Faixa de Gaza, após um ataque israelense em 10 de janeiro de 2024, em meio a batalhas contínuas entre Israel e o grupo militante palestino Hamas. (Foto: AFP)

TEL-AVIV, 7 – Tropas de Israel entraram ontem na cidade de Rafah e assumiram o controle da passagem de fronteira com o Egito, interrompendo o fluxo de ajuda para Gaza. O avanço ignorou a pressão internacional e a proposta de cessar-fogo do Hamas. O grupo palestino, em resposta, garantiu que a negociação de paz no Cairo é “a última chance” de libertação dos reféns israelenses.

Israel afirmou que o objetivo da invasão de Rafah era controlar o posto de fronteira, que seria um símbolo do poder do Hamas, e aumentar a pressão sobre o grupo para libertar os cerca de 130 reféns que permanecem em Gaza. Segundo o jornal Haaretz, o premiê Binyamin Netanyahu teria prometido a EUA e Egito que a operação seria limitada e focada em evitar o contrabando de armas.

SEGURANÇA

A ação não pareceu ser a invasão total que Israel prometia – e os EUA tentavam evitar. O Exército israelense chamou a manobra de “operação precisa de contraterrorismo”, planejada para destruir a infraestrutura do Hamas usada em um ataque que matou quatro soldados no fim de semana.

Segundo funcionários do governo de Israel, citados pelo Haaretz, o plano seria transferir o controle da passagem para uma firma de segurança privada americana após a ofensiva. As negociações estariam em andamento e a empresa não foi identificada – ela emprega ex-soldados de elite e é especialista em proteger locais estratégicos na África.

Netanyahu, que está sob pressão dos EUA para concordar com um cessar-fogo, disse ontem que havia enviado de volta uma delegação para retomar as negociações no Cairo, mas que a diplomacia caminharia em conjunto com a guerra.

O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse que as negociações atingiram um “estágio delicado”, mas que os dois lados poderiam “superar as diferenças”. Analistas admitiram que o ataque a Rafah poderia aumentar a pressão sobre o Hamas, mas também poderia sabotar o trabalho dos diplomatas.

Autoridades da ONU acusaram Israel de “sufocar” a entrada de ajuda em Gaza, já que, além de Rafah, a outra passagem, em Kerem Shalom, também foi fechada, no fim de semana, após disparos de foguetes palestinos. Segundo ONGs de ajuda humanitária, a crise no enclave pode se agravar. Ontem, após reclamação da Casa Branca, que disse que manter os dois postos fechados era “inaceitável”, Israel garantiu que reabriria hoje a passagem de Kerem Shalom.

CRÍTICAS

Aliados de Israel condenaram a incursão em Rafah. O Egito classificou a operação de “escalada perigosa”, enquanto Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, teme que a invasão cause ainda mais mortes.

Para o vice-chanceler britânico, Andrew Mitchell, o avanço pode constituir uma “violação do direito internacional”. O premiê belga, Alexander de Croo, foi mais longe: “Podemos continuar sendo parceiros comerciais de Israel? Acho que não.”

Enquanto Israel faz um pente-fino em Rafah, as negociações no Cairo continuam. O acordo proposto pelo Hamas, na segunda-feira, seria dividido em três fases, cada uma com 42 dias duração. A primeira incluiria uma trégua, a retirada parcial dos israelenses, a volta dos refugiados internos a suas casas e a troca de 33 reféns por um número ainda indefinido de presos palestinos.

Netanyahu rejeitou a proposta. Ontem, um alto funcionário do Hamas, citado pela agência France-Presse, reagiu dando um ultimato em tom de ameaça aos reféns. “As negociações representam a última chance de Netanyahu e as famílias verem seus filhos retornarem”, disse. (Com agências internacionais)

Estadão Conteúdo

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