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Grupo Wagner seguirá operando no Mali e na República Centro-Africana, diz Lavrov

O ministro considerou que a Europa e a França “abandonaram a RCA e o Mali”, países que recorreram à Rússia e ao grupo Wagner para ter instrutores militares e “garantir a segurança de seus políticos”

Redação Jornal de Brasília

26/06/2023 13h17

(Photo by STRINGER / AFP)

O Grupo Wagner continuará suas operações no Mali e na República Centro-Africana (RCA), apesar da rebelião abortada de seu fundador, Yevgeny Prigozhin, na Rússia durante o fim de semana, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, nesta segunda-feira, 26.

Os membros do grupo Wagner nestes países “estão trabalhando como instrutores. Este trabalho, claro, vai continuar”, disse Lavrov em uma entrevista ao canal RT.

O ministro considerou que a Europa e a França “abandonaram a RCA e o Mali”, países que recorreram à Rússia e ao grupo Wagner para ter instrutores militares e “garantir a segurança de seus políticos”.

Para os países do Ocidente, o Grupo Wagner é um instrumento de influência russa que tem o objetivo de promover os interesses de Moscou e competir com os europeus. O grupo armado é acusado de cometer abusos ou saquear recursos naturais em seus locais de operação.

O chefe da diplomacia de Moscou também declarou que a rebelião liderada pelo fundador do grupo Wagner não afetará as relações da Rússia com “aliados e amigos”. “O presidente Putin recebeu muitas ligações de apoio”, disse.

Quanto aos países que não são amigos da Rússia, “francamente não me importo”, disse o diplomata. “As relações com o Ocidente estão destruídas, então um episódio a mais ou a menos.”

Aliados da Ucrânia questionam trégua

Washington e países europeus ainda tentam entender os episódios na Rússia durante o final de semana. Autoridades nos Estados Unidos e em toda a Europa disseram não ter certeza do que vem a seguir e estão preocupadas com a instabilidade que pode se seguir a uma tentativa dos rivais de Putin, incluindo Prigozhin, de derrubar o presidente em um momento vulnerável.

Um oficial da inteligência ocidental estava cético de que Prigozhin permaneceria em silêncio em Belarus, ecoando as especulações de que ele seria morto ou continuaria a desafiar o estabelecimento militar da Rússia no exterior.

Bob Seely, um membro do Parlamento britânico que atua no comitê de relações exteriores que investiga o Grupo Wagner há dois anos, questionou se Putin temia que seu próprio exército não cumprisse suas ordens para impedir que as forças de Wagner entrassem na capital. Mais cedo no sábado, 24, antes da trégua, Putin descreveu os combatentes de Wagner como “traidores” durante um discurso televisionado à nação.

“Não consigo ver essa paz duradoura”, acrescentou Seely, “porque ou Prigozhin é instável e continuará a atacar e tentar acabar com Putin, ou Putin irá silenciá-lo de alguma forma – financeira, política ou fisicamente”.

Entenda o acordo

Na noite do sábado, o chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prighozhin, afirmou que havia ordenado que as suas tropas parassem a marcha para Moscou e voltassem para as posições do grupo na Ucrânia, para evitar um derramamento de sangue.

O líder do grupo mercenário fez isso por conta de um acordo que foi costurado entre Prigozhin e Putin, com a mediação do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko.

O acordo apontava que a investigação criminal contra o chefe do Grupo Wagner por conta da rebelião armada seria encerrada. Segundo o pacto, Prighozin irá se mudar para Belarus sem nenhum processo criminal e os mercenários que não haviam participado da rebelião e que quisessem se juntar as forças armadas de Moscou poderiam fazer isso.

Estadão Conteúdo

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