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Mundo

Gaza registra quase 30.000 mortos em cinco meses de guerra

Tudo indica que muitas pessoas tenham morrido e ainda estejam soterradas sob os escombros dos bombardeios israelenses

Redação Jornal de Brasília

27/02/2024 16h50

menina palestina reage aos escombros de uma casa em Deir el-Balah, no centro da Faixa de Gaza, após um ataque israelense em 10 de janeiro de 2024, em meio a batalhas contínuas entre Israel e o grupo militante palestino Hamas. (Foto: AFP)

Iman Musallam, deslocada pela guerra em Gaza, custa a acreditar que quase 30.000 pessoas tenham morrido no território palestino em quase cinco meses de guerra entre Israel e Hamas, segundo dados do movimento islamista. Ela acredita que na realidade sejam muitos mais.

Tudo indica que muitas pessoas tenham morrido e ainda estejam soterradas sob os escombros dos bombardeios israelenses.

Esta guerra já é, de longe, a mais letal das cinco em que se enfrentaram Israel e Hamas, no poder em Gaza desde 2007, superando o balanço da de 2014 (2.250 palestinos mortos).

“Não sabemos quanto mártires haverá” ao final da guerra, diz esta professora de 30 anos, que conseguiu se abrigar em um prédio da ONU transformado em refúgio em Rafah, cidade no extremo sul da Faixa.

Estas incontáveis “tragédias” e “sofrimentos” terão consequências desastrosas para os palestinos durante “gerações”, disse à AFP Ahmed Orabi, professor de ciência política da Universidade de Gaza.

O Ministério da Saúde do Hamas, cujos números são considerados confiáveis pela ONU, anunciou, nesta terça-feira (27), que 96 pessoas haviam morrido em ataques noturnos, o que eleva o balanço a 29.878 mortos e 70.215 feridos desde 7 de outubro. Cerca de 70% dos mortos são mulheres e crianças, segundo a mesma fonte.

O conflito teve início nessa data, quando comandos islamistas mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 no sul de Israel, segundo um balanço com base em dados oficiais israelenses.

Em represália, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre maciça contra o território palestino, onde os cemitérios estão cheios e não há sacos mortuários suficientes para os cadáveres.

Os moradores de Gaza, então, enterram seus mortos como podem. Um agricultor sepultou seus três irmãos e seus cinco filhos em sua plantação de cítricos; em outro local, a população cavou uma vala comum em um campo de futebol.

Temor por Rafah

Aos olhos dos palestinos, “o enorme número de mulheres, crianças e idosos mortos não deixa dúvidas de que se tratam de massacres”, afirma o professor Orabi.

Os bombardeios aéreos, os disparos de artilharia e os atiradores de elite devastaram bairros inteiros e obrigaram muitas famílias a fugir, frequentemente com a roupa do corpo.

Graças à solidariedade de familiares ou de desconhecidos, muitos sobreviventes vivem confinados em um território de cerca de 40 km de extensão por 10 km de largura, submetido a um estrito cerco israelense.

Mais de 70% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados pela guerra e a população está sob a ameaça da fome extrema, segundo a ONU.

As Nações Unidas, assim como muitos líderes internacionais, agora temem uma carnificina em Rafah, onde Israel quer completar sua ofensiva terrestre contra o Hamas. Na região, há quase um milhão e meio de pessoas, 80% deslocadas pela guerra.

Luto permanente

Em Israel, as atenções se mantêm concentradas nas vítimas do ataque islamista de 7 de outubro.

E sobretudo no destino dos 130 reféns sequestrados que continuam nas mãos do Hamas, 30 dos quais teriam morrido. No fim de novembro, uma trégua de uma semana permitiu trocar uma centena de reféns por 240 presos palestinos detidos em Israel.

Embora o Ministério da Saúde do Hamas não divulgue o número de mortos entre seus combatentes, o exército israelense estima que tenham sido 10.000 e calcula em 240 suas próprias baixas na ofensiva.

Entre as vítimas civis também estão jornalistas que trabalhavam em Gaza para contar a guerra.

Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, pelo menos 88 profissionais de imprensa morreram desde 7 de outubro.

Gaza se tornou um local de luto permanente e não passa um dia sem um funeral, que as famílias precisam organizar em função da guerra.

Devido à falta de combustível, os corpos costumam ser transportados em charretes puxadas por burros.

E os funcionários dos hospitais, esgotados e carentes de tudo, às vezes têm que usar caminhões de sorvete para guardar os corpos antes dos enterros.

© Agence France-Presse

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