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Fábricas de armas e munições lucram alto com Guerra da Ucrânia

Mais de um ano após a invasão russa, pode-se dizer que quem está ganhando a Guerra da Ucrânia não é nenhum dos países envolvidos

FolhaPress

21/03/2023 16h26

Foto: AFP/Divulgação

Ivan Finotti

Madri, Espanha

Mais de um ano após a invasão russa, pode-se dizer que quem está ganhando a Guerra da Ucrânia não é nenhum dos países envolvidos, mas sim a indústria armamentista. As dez maiores companhias de armas e munições dos Estados Unidos e da Europa apresentaram um crescimento médio de 7,5% apenas no último trimestre de 2022.


Segundo dados do ministério da Defesa da Ucrânia, o país consome cerca de 400 mil projéteis de artilharia, como as balas de fuzis ou metralhadoras, por mês, o que significa uma média superior a 13 mil por dia.


Washington, por exemplo, enviou a Kiev quase 1 milhão de projéteis de 155 mm, o que, em tempos de paz, significariam cinco anos de produção.


É um volume que tem dificultado, mas não impedido, a compra de munição por outros países. O fato é que, com a guerra na Europa, os demais países do continente correram para se armar também.


Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), as importações europeias de armamentos aumentaram 92% em 2022 em relação ao ano anterior.


Nesta conta está a Ucrânia, que de longe teve o maior aumento, de 6.700%, comprando 68 vezes mais do que em 2021. A conta varia no restante do continente, mas os dados indicam que, quanto mais próximo a Putin você está, mais quer armas e munições no seu estoque.


A vizinha Polônia, por exemplo, aumentou suas compras em 764%. A Belarus, principal aliada do Kremlin, em 226%. Hungría (211%), Suécia (161%) e República Tcheca (109%) fecham o top 5. Mesmo a Espanha, um país mais distante geograficamente do conflito, cresceu seus gastos com equipamentos de guerra em 28% no ano passado.


O mercado de munições inflacionou tanto que a Comissão Europeia decidiu repetir o mesmo esquema que aplicou com as vacinas no início da Covid-19: a compra conjunta de insumos no valor de 2 bilhões, evitando que os aliados competissem entre si e, assim, incentivassem ainda mais a escalada de preços.


Tudo isso vai de encontro a uma meta de que cada país da Otan, a aliança militar ocidental, gaste 2% de seu PIB com insumos de defesa. O número foi estabelecido em 2006, na Conferência de Riga, mas, até agora, poucos países o tinham alcançado.


Em 2014, quando a Rússia invadiu a Crimeia ucraniana, só três dos 30 países da Otan gastavam o valor estabelecido: Estados Unidos, Reino Unido e Grécia. No ano passado, havia seis mais: Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Croácia e Eslováquia.


Mas após a invasão, a corrida se acentuou. A Alemanha anunciou que irá superar os 2% e, no mês passado, a Dinamarca extinguiu um feriado religioso para que os impostos arrecadados com esse dia extra de trabalho sejam destinados diretamente a gastos militares.


Excetuando-se as chinesas, as cinco maiores empresas de armamentos do mundo são americanas: Lockheed Martin (com vendas na ordem de US$ 60 bilhões por ano), Raytheon, Boeing, Northrop Grumman e General Dynamics. É para lá que vão os US$ 30 bilhões que o governo Joe Biden está destinando à Ucrânia. As companhias restantes do top ten são, em ordem, de origem britânica, alemã, mais uma americana, italiana e francesa.


Em termos globais, os Estados Unidos exportaram no ano passado cerca de 60% dos armamentos do mundo, contra apenas 16% da Rússia. E isso foi antes das sanções que a impedem de vender a todo mundo. Já a China responde por apenas 5% das vendas mundiais.

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