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Exército ucraniano entra em cidade estratégica em uma das regiões anexadas pela Rússia

Dois soldados ucranianos agitam e posicionam a bandeira do país ao lado da palavra “Lyman” na entrada da cidade

Jornal de Brasília

01/10/2022 13h04

Foto: Divulgação

O exército ucraniano entrou neste sábado (1º) em Lyman, cidade estratégica no leste do país, na região de Donetsk, anexada na sexta-feira por Moscou, apesar das críticas de Kiev e das potências ocidentais.

“As forças de ataque aéreo ucranianas estão entrando em Lyman, na região de Donetsk”, afirmou o ministério ucraniano da Defesa no Twitter.

Em um vídeo de um minuto que acompanha a mensagem, dois soldados ucranianos agitam e posicionam a bandeira do país ao lado da palavra “Lyman” na entrada da cidade.

“Hasteamos nossa bandeira nacional e a colocamos em nosso território. Lyman sempre fará parte da Ucrânia”, afirma, sorridente, um dos militares.

Ao mesmo tempo, o exército russo anunciou sua retirada da cidade.

“Ameaçadas com o cerco, as tropas aliadas se retiraram de Lyman para linhas mais favoráveis”, afirmou o ministério da Defesa em um comunicado.

Algumas horas antes, Kiev anunciou que suas tropas haviam “cercado” milhares de soldados russos na cidade.

O porta-voz do exército no leste do país, Serhiy Cherevatyi, afirmou que “entre 5.000 e 5.500 russos” estavam entrincheirados dentro e nos arredores de Lyman.

A tomada da cidade representa uma vitória crucial para Kiev, porque Lyman é um importante centro ferroviário na região anexada de Donetsk.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, celebrou os “resultados significativos” da contraofensiva de suas tropas no leste.

Justiça internacional

Após a anexação oficial na sexta-feira de quatro regiões ucranianas por parte da Rússia, Kiev anunciou que recorrerá à Corte Internacional de Justiça (CIJ) e fez um apelo para que o tribunal “examine o caso o mais rápido possível”.

Zelensky também disse que assinaria o documento para obter uma adesão acelerada da Ucrânia à Otan, uma decisão apoiada por Estados Unidos e Canadá.

O presidente russo, Vladimir Putin, liderou na sexta-feira um dia de cerimônias após a anexação dos territórios ucranianos.

“A vitória será nossa”, disse o chefe de Estado, entre os aplausos de milhares de simpatizantes na Praça Vermelha de Moscou.

Putin assinou no Kremlin os documentos de anexação ao lado dos dirigentes das regiões separatistas da Ucrânia (Donetsk e Luhansk) e das ocupadas pelas tropas russas (Zaporizhzhia e Kherson).

Neste sábado, o líder da república russa da Chechênia, Ramzan Kadyrov, pediu que o exército russo utilize “armas nucleares de baixa potência” na Ucrânia.

“Na minha opinião, medidas mais drásticas devem ser tomadas, até a declaração da lei marcial nas áreas de fronteira e o uso de armas nucleares de baixa potência”, afirmou Kadyrov em mensagem no Telegram, na qual criticou o “nepotismo” dentro do exército russo.

“Detenção ilegal”

Os governantes da União Europeia e da Otan condenaram a anexação, que chamaram de “ilegal”.

O Conselho de Segurança da ONU examinou uma resolução de condenação do que foi identificado como “pseudoanexações”, mas o texto foi bloqueado pelo poder de veto da Rússia.

O presidente Joe Biden afirmou que os Estados Unidos e seus aliados “não se deixarão intimidar” por Putin e advertiu que a Otan defenderá “cada centímetro” de seu território.

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, advertiu, no entanto, que a adesão territorial torna “praticamente impossível o fim da guerra”.

As anexações acontecem após sete meses de invasão russa da Ucrânia. Os supostos “referendos” foram organizados de forma urgente nas regiões ocupadas após uma contraofensiva ucraniana bem-sucedida em setembro no nordeste do país.

As vitórias militares de Kiev levaram Putin a decretar uma mobilização “parcial” de centenas de milhares de reservistas.

Na frente de batalha, 24 civis, incluindo 13 crianças e uma mulher grávida, foram encontrados mortos a tiros em um comboio de carros na região de Kharkiv (nordeste), segundo o governador local. Correspondentes da AFP observaram ao menos 11 cadáveres na área do ataque sexta-feira.

No sul da Ucrânia, a Rússia prendeu o diretor geral da central nuclear de Zaporizhzhia, controlada por Moscou, informou a agência nuclear ucraniana, a Energoatom.

Ihor Murashov foi detido na sexta-feira por uma patrulha russa quando seguia de Energodar, controlada pelas tropas de Moscou, para a central.

O veículo de Murashov foi parado, o diretor foi retirado do automóvel e “levado com os olhos vendados para um local não revelado”, afirmou o diretor da Energoatom, Petro Kotin.

Kiev denunciou imediata a “detenção ilegal” de Murashov, que não teve o paradeiro revelado. O ministério da Relações Exteriores da Ucrânia chamou o ato de “novo ato de terrorismo de Estado por parte da Rússia”.

bur/me-es/pc/fp

© Agence France-Presse

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