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Ex-presidente de Honduras diz ser ‘vítima de vingança’ por julgamento nos EUA

Extraditado em abril de 2022, dois meses depois de deixar o poder, Hernández é acusado de ter vínculos com uma rede criminosa

Redação Jornal de Brasília

19/02/2024 15h29

O ex-presidente de Honduras Juan Orlando Hernandez (2-R) é escoltado pelo Ministro da Segurança Ramon Sabillon (R) até um avião da Agência Antidrogas dos EUA (DEA), durante sua extradição para os Estados Unidos na Base Aérea, em Tegucigalpa , em 21 de abril de 2022. – O ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández reiterou em uma carta pública em 19 de fevereiro de 2024 que ele é “inocente” e “vítima de vingança”, um dia antes de ser julgado por acusações de tráfico de drogas em Nova Iorque. (Photo by Orlando SIERRA / AFP)

O ex-presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, reiterou, nesta segunda-feira (19), que é “inocente” e afirmou ser “vítima de uma vingança”, na véspera de responder a um julgamento por narcotráfico em Nova York.

“Sou inocente, sou vítima de uma vingança e uma conspiração por parte do crime organizado e inimigos políticos”, afirmou o ex-chefe de Estado direitista (2014-2022), de 55 anos, em uma carta pública enviada da prisão em Nova York e publicada na rede X por sua esposa, Ana García.

Extraditado em abril de 2022, dois meses depois de deixar o poder, Hernández é acusado de ter vínculos com uma rede criminosa que enviou mais de 500 toneladas de cocaína aos Estados Unidos entre 2004 e 2022, e de proteger suas atividades.

Em troca, teria recebido “milhões de dólares” dos cartéis das drogas, entre eles o do traficante mexicano Joaquín “Chapo” Guzmán, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.

Mas em sua carta, Hernández qualificou as acusações como “injustas” e “cheias de mentiras construídas de forma novelesca com base no testemunho” de “narcotraficantes confessos”, que negociaram com a Promotoria do Distrito Sul de Nova York para obter “a redução de suas penas”.

“Os altos funcionários dos Estados Unidos que serviram” entre 2010 e 2014, quando era chefe do Congresso, e no período 2014-2022, durante seu período na Presidência, “são conhecedores da nossa luta contra o crime organizado e a violência” em Honduras, argumentou.

Ele lembrou que durante suas gestões foram aprovadas leis contra o narcotráfico, como a de extradição, e disse que os planos que empreendeu foram conhecidos “no mais alto nível do governo dos Estados Unidos, como o atual presidente, Joe Biden, antes vice-presidente, os altos funcionários do Departamento de Estado, embaixadores e funcionários” dos Estados Unidos.

Se for considerado culpado das três acusações imputadas pela Promotoria – narcotráfico, tráfico e posse de armas -, pode ser condenado à prisão perpétua mais 30 anos, como seu irmão Tony Hernández e seu colaborador Geovanny Fuentes, que, segundo a Promotoria, participaram da mesma rede.

Hernández deu a entender que descarta negociar com a Promotoria para ter sua pena reduzida, como sugeriram seus advogados em Honduras. “Declaro que vou lutar por essa verdade até as últimas consequências”, sentenciou.

Após quatro adiamentos, o julgamento começa nesta terça-feira e gera grande expectativa, pois não é habitual ver um ex-presidente se sentar no banco dos réus em outro país para responder a acusações de narcotráfico.

© Agence France-Presse

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