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Ex-líderes das Farc renunciam em massa ao partido que emergiu do acordo de paz

O presidente de Comunes, Rodrigo Londoño, que era comandante das Farc na época do desarmamento, não comentou a demissão em massa

Jornal de Brasília

23/07/2022 9h14

Alegando divergências com seus ex-companheiros de armas, nove ex-líderes das Farc, incluindo três negociadores do pacto de paz com o governo colombiano, renunciaram nesta sexta-feira (22) ao Comunes, partido político criado a partir do acordo de 2016.

“Não nos sentimos representados ou incluídos nas decisões e instâncias da referida comunidade… elas não coincidem em nada com nossa história de luta”, expressaram os ex-chefes rebeldes em uma carta.

Victoria Sandino, Milton de Jesús Toncel e Israel Zúñiga, que estiveram na mesa de negociações em Havana, lideram a lista de nove ex-guerrilheiros que assinam a carta acusando “autoritarismo e exclusão” pelo “núcleo hegemônico” do partido.

O presidente de Comunes, Rodrigo Londoño, que era comandante das Farc na época do desarmamento, não comentou a demissão em massa.

Até recentemente, Sandino e Zúñiga ocupavam duas das dez cadeiras que aquele grupo obteve no Congresso graças ao acordo que pôs fim a quase seis décadas de insurgência. No final do ano passado, o partido decidiu não endossar sua candidatura para o período 2022-2026.

Os ex-membros do partido acusaram a direção de usar os programas voltados à segurança de ex-combatentes como “banco de empregos, violando as garantias de quem hoje assume posições críticas”.

“É extremamente grave se levarmos em conta que até hoje 337 signatários do acordo de paz foram assassinados”, acrescentaram os ex-rebeldes.

Embora o acordo de paz tenha reduzido a violência política, o país ainda lida com grupos armados que lucram com o narcotráfico e outras receitas ilegais nas antigas áreas de influência das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Centenas de ex-guerrilheiros que faziam parte do pacto foram mortos por dissidentes que recuperaram armas, grupos de narcotráfico e até membros da força pública, segundo o Ministério Público.

© Agence France-Presse

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