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Mundo

EUA comparece às urnas para eleições cruciais de meio de mandato

Organizadas dois anos após a disputa presidencial, as eleições de meio de mandato sempre são consideradas um referendo sobre o governo

Redação Jornal de Brasília

08/11/2022 11h32

Foto: Joseph Prezioso / AFP

Os americanos começaram a votar nesta terça-feira (8) para eleições cruciais de meio de mandato, nas quais estão em disputa as maiorias na Câmara de Representantes e no Senado, o que determinará o nível de poder do presidente democrata Joe Biden durante os próximos dois anos, assim como o futuro de Donald Trump.

Joe Biden fez um apelo para que o país “defenda a democracia”, pouco antes de seu antecessor republicano divulgar que fará um “grande anúncio” na próxima semana. Muitos analistas acreditam que será uma nova candidatura à Casa Branca.

“Nossa democracia está em perigo”, advertiu o presidente, de 79 anos, durante o comício de fim de campanha em Maryland, na segunda-feira à noite.

Os locais de votação abriram as portas às 6h (8h de Brasília). As eleições nacionais nos Estados Unidos acontecem, como determina a tradição, na terça-feira posterior à primeira segunda-feira do mês de novembro. 

As “midterms” definirão toda Câmara de Representantes, um terço do Senado, vários governos estaduais e importantes cargos locais. Também acontecem referendos sobre o direito ao aborto em quatro estados: Califórnia, Vermont, Kentucky e Michigan.

Depois de uma campanha difícil que teve a inflação como tema central, os republicanos acreditam que retomarão a maioria no Congresso. 

“Se você deseja um fim à destruição do nosso país e salvar o sonho americano, deve votar nos republicanos”, afirmou Trump, onipresente na campanha, durante um comício na segunda-feira em Ohio, um dos redutos industriais do país.

Diante de muitos simpatizantes, o bilionário de 76 anos afirmou que fará um “grande anúncio na terça-feira, 15 de novembro, em Mar-a-Lago”, sua residência na Flórida, consciente de que uma vitória de republicanos que o apoiam nesta terça-feira pode representar o trampolim ideal para uma candidatura na eleição presidencial de 2024.

Inflação

Organizadas dois anos após a disputa presidencial, as eleições de meio de mandato sempre são consideradas um referendo sobre o governo. 

Poucas vezes o partido do presidente em exercício escapa do voto de castigo. Os democratas tentaram atrair o voto da esquerda e do centro até o fim da campanha, alegando que a oposição republicana é uma ameaça para a democracia e para as conquistas sociais, como o direito ao aborto. 

A inflação (8,2% em média) permanece, no entanto, como a principal preocupação dos americanos, e os esforços de Joe Biden para reivindicar o papel de “presidente da classe média” não parece ter dado resultados.

As pesquisas mais recentes indicam que a oposição republicana tem chances de conquistar de 10 a 25 cadeiras na Câmara de Representantes, resultado mais que suficiente para ter a maioria.

O cenário é menos definido para o Senado, mas os republicanos também têm possibilidades de conquistar a maioria.

Perder o controle nas duas Câmaras do Congresso teria graves consequências para o presidente democrata, que já declarou ter a “intenção” de disputar a reeleição em 2024.

Na segunda-feira, Biden afirmou que estava “otimista” com o resultado da eleição, mas admitiu que manter a maioria da Câmara de Representantes será “difícil”. 

Como sinal do interesse dos americanos nas eleições, mais de de 43 milhões de pessoas já haviam votado até segunda-feira à noite – de maneira antecipada, ou pelo correio.

Os resultados de algumas disputas mais acirradas podem demorar dias até o anúncio.

Duelos 

Concretamente, as eleições de meio de mandato são definidas em alguns estados-chave, os mesmos da votação presidencial de 2020.

Todos os olhos estão voltados para a Pensilvânia, antigo reduto da indústria siderúrgica, onde o milionário cirurgião republicano Mehmet Oz, apoiado por Donald Trump, enfrenta o democrata John Fetterman, ex-prefeito de uma pequena cidade, pela cadeira mais disputada do Senado.

O resultado nesta eleição pode definir o equilíbrio de poder no Senado.

Assim como em 2020, a Geórgia também chama a atenção. O democrata Raphael Warnock, o primeiro senador negro eleito neste estado do sul com um forte passado segregacionista, tenta a reeleição contra Herschel Walker, afro-americano e ex-jogador de futebol americano, que tem o apoio de Trump.

Arizona, Ohio, Nevada, Wisconsin e Carolina do Norte do Norte também são cenários de disputas acirradas entre os democratas e os candidatos apoiados por Donald Trump, que juram lealdade absoluta ao ex-presidente.

As campanhas custaram centenas de milhões de dólares e transformaram estas eleições de meio de mandato nas mais caras da história dos Estados Unidos.

© Agence France-Presse

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