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EUA classificam de ‘ato terrorista’ ataque de colonos de Israel contra palestinos

O palestino Qusai Jamal Maatan, 19, foi morto a tiros por colonos israelenses nas proximidades da cidade de Ramallah, na Cisjordânia ocupada

Redação Jornal de Brasília

08/08/2023 11h51

Foto: Reprodução/ Canva

(FOLHAPRESS)

Em nova crítica à extrema direita de Israel, os Estados Unidos classificaram de “terrorista” o ataque feito por colonos israelenses na Cisjordânia que resultou na morte de um palestino de 19 anos, em 4 de agosto.

A declaração engrossa a lista de atritos recentes entre os países. As relações diplomáticas estão fragilizadas desde o avanço de uma controversa judicial promovida pelo governo de Binyamin Netanyahu que limita os poderes da Suprema Corte e, segundo críticos, enfraquece a democracia israelense.

O palestino Qusai Jamal Maatan, 19, foi morto a tiros por colonos israelenses nas proximidades da cidade de Ramallah, na Cisjordânia ocupada. Logo após o crime, o escritório do Departamento de Estado dos EUA para o Oriente Médio se referiu ao episódio como um “ataque terrorista de um colono israelense extremista”. Nesta segunda (7), o porta-voz da diplomacia americana, Matthew Miller, reforçou o posicionamento e disse que a escolha das palavras não foi um erro.

“Nosso raciocínio é que se trata de um ataque terrorista, estamos preocupados e, por isso, o designamos dessa forma”, disse Miller, acrescentando que a justiça deve ser feita com “a mesma rigidez em todos os casos de violência extremista, independentemente dos autores”.

O americano ainda elogiou a prisão de dois israelenses suspeitos de envolvimento no crime. Segundo a imprensa de Israel, um deles foi porta-voz de um parlamentar do Otzma Yehudit, o partido do ministro de extrema direita Itamar Ben Gvir, atual ministro de Segurança Pública do governo de Benjamin Netanyahu.

Cerca de três milhões de palestinos vivem na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967. Cerca de 490 mil colonos judeus também vivem em assentamentos considerados ilegais pela ONU, de acordo com o direito internacional.

Antes do incidente, a ONU havia alertado para um aumento significativo nos ataques de colonos contra palestinos ou suas propriedades na Cisjordânia. Segundo a organização, foram registrados cerca de 600 “incidentes” nos primeiros seis meses do ano.

A expansão dos assentamentos foi uma promessa de campanha de Netanyahu, que lidera o governo mais à direita da história de Israel, com a participação de líderes nacionalistas. Aliados do premiê defendem a construção de novas moradias como resposta aos ataques em Jerusalém.

Em junho, a coalizão de Netanyahu anunciou planos para ampliar a ocupação de colonos israelenses na Cisjordânia. Segundo o gabinete, o plano é avançar com mil novas casas no assentamento de Eli, o que potencialmente duplicaria a população no local. A declaração não detalhou o cronograma do projeto nem deixou claro se o número inclui as 500 casas que já estavam programadas para aprovação na próxima semana.

O anúncio de expansão dos assentamentos ocorreu ainda num momento em que o governo Netanyahu enfrenta protestos desencadeados por uma reforma judicial que ameaça a autonomia do Judiciário do país.

A primeira parte do projeto foi aprovada no mês passado. A lei aprovada versa sobre o chamado “padrão de razoabilidade”, recurso até então usado por tribunais para invalidar decisões do governo e que impacta, entre outros pontos, a nomeação de ministros.

A Cisjordânia, uma das áreas em que os palestinos querem estabelecer um Estado independente, assiste a crescentes níveis de violência enquanto as negociações de paz patrocinadas pelos Estados Unidos estão paradas há quase dez anos.

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