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Estrangeiros poderão deixar Gaza; Brasil ainda espera vez

A primeira leva, segundo o Itamaraty, terá cidadãos da Austrália, Áustria, Bulgária, Finlândia, Indonésia, Jordânia, Japão e República Tcheca

Redação Jornal de Brasília

01/11/2023 6h53

IGOR GIELOW
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O primeiro grupo de estrangeiros moradores da Faixa de Gaza poderá deixar o território sob ataque de Israel nesta quarta (1º) para o Egito, após um acordo mediado pelo Qatar entre os governos de Tel Aviv e do Cairo.

“Ainda não há brasileiros na lista divulgada hoje”, disse o embaixador brasileiro na Cisjordânia, Alessandro Candeas. “Acredito que em breve novas listas serão publicadas, e espero que nossos brasileiros estejam nelas.”

A primeira leva, segundo o Itamaraty, terá cidadãos da Austrália, Áustria, Bulgária, Finlândia, Indonésia, Jordânia, Japão e República Tcheca, além de pessoal da Cruz Vermelha e de ONGs. Eles sairão por Rafah, posto na fronteira sul com o Egito, por onde passa ajuda humanitária limitada.

O arranjo se soma ao anúncio feito na véspera pelo Hamas de que 81 feridos graves em ataques israelenses poderiam deixar a área. Segundo a mídia egípcia, os primeiros pacientes já deixaram Gaza, território que está sendo atacado fortemente desde que o Hamas, grupo palestino que administra a região desde 2007, promoveu a mega-ação terrorista contra Israel no dia 7 passado.

Desde que isso aconteceu, centenas de estrangeiros moradores do território com 2,3 milhões de habitantes tentam sair pelo posto de Rafa, sem sucesso. Eles se concentram na cidade e em locais como Khan Yunis, a 10 km dali, assim como palestinos.

Entre eles estão as 34 pessoas que o Itamaraty registrou para repatriação, um contingente que tem variado ao longo das semanas. Segundo o mais recente balanço de Candeas, 24 delas são brasileiras, 7 palestinas em processo de imigração e 3, parentes próximos deste último grupo.

Estão em duas casas alugadas pela embaixada em Rafah 18 pessoas (9 crianças, 5 mulheres e 4 homens), enquanto quatro apartamentos de famílias em Khan Yunis abrigam 16 (9 crianças, 5 mulheres e 2 homens). Parte do grupo, 19 pessoas, estava reunido em uma escola católica de Gaza antes de ser transferido para o sul do território.

Em vídeo gravado por celular divulgado na terça, a estudante brasileira Shahed al-Banna, 18, afirmou que as dificuldades para comprar água e comida estavam crescendo dia após dia. O carregamento de celulares é feito por meio de baterias improvisadas alimentadas por painéis solares, e lenha vem sendo usada para cozinhar itens mais simples.

Até aqui, o Brasil já repatriou 1.413 pessoas que estavam em Israel, em uma operação que mobilizou oito voos da Força Aérea e encerrou sua fase inicial na semana passada.

Nesta quarta, a comunicação com o Gaza voltou a ficar precária, com corte na internet devido a ataques israelenses, segundo a Paltel, empresa de telefonia local.

O Brasil tem conversado com o Qatar, que lidera esforços de negociação por ser um país que abriga líderes do Hamas no exílio e sofreu críticas por isso, e outros países interessados em tirar seus moradores.

Um dos principais interessados é o governo dos EUA, que tem de 500 a 600 cidadãos em Gaza, e foi consultor na negociação entre Egito e Israel, que controlam a fronteira em Rafah. Segundo Candeas, o Hamas não fez parte do acerto. A primeira leva autorizada a sair é o primeiro sinal de esperança para o grupo de brasileiros. Na terça, o embaixador havia dito que a situação era de uma “inércia angustiante”.

Os ataques seguem intensos em Gaza. Na terça, Israel confirmou ter matado cerca de 50 pessoas no campo de refugiados de Jabalia, no norte da faixa, em um dos maiores ataques individuais da guerra até aqui.

O campo tem esse nome pela origem histórica, mas é um bairro urbanizado bastante miserável. A imagem de uma enorme cratera, presumivelmente causada por um ataque aéreo israelense, viralizou na terça. Tel Aviv afirma que os mortos eram do Comando Central de Jabalia, uma célula do Hamas que defende a região norte do território.

Já o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo palestino, afirma que morreram “mártires”, a forma com que se refere a quem cai no conflito com Israel, seja civil ou terrorista.

As Forças de Defesa de Israel seguem operando em terra, com colunas blindadas, cercando a área da capital homônima da faixa. Na terça, tiveram o maior número de baixas em ação desde os ataques do dia 7, com 11 mortos em solo em Gaza.

Também nesta quarta, navios israelenses chegaram à costa de Eilat, no mar Vermelho, onde na véspera um míssil e dois drones de rebeldes apoiados pelo Irã no Iêmen foram interceptados. O reforço ocorre no momento em que um grupo de porta-aviões americano está a caminho das águas, vindo do Mediterrâneo pelo canal de Suez (Egito).

No norte do país, o Hezbollah libanês segue com suas escaramuças diárias com Israel. O grupo também é apoiado, como o Hamas, por Teerã, que tem buscado manter a tensão alta, mas não escalar o conflito para uma guerra regional, apesar do risco de isso acontecer.

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