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Escudo térmico do telescópio James Webb abre com sucesso

Cada uma das camadas deste escudo térmico tem o tamanho de uma quadra de tênis

Redação Jornal de Brasília

04/01/2022 17h58

Foto: Nasa/AFP

O telescópio espacial James Webb superou nesta terça-feira (4) uma etapa importante, ao abrir completamente seu escudo térmico, um guarda-sol de cinco camadas, necessário para observar o cosmos, informou a Nasa.

Cada uma das camadas deste escudo térmico tem o tamanho de uma quadra de tênis e são necessárias para proteger os instrumentos científicos do calor do sol. Desde a segunda-feira, cada uma delas abriu-se e estendeu-se.

“As cinco camadas do guarda-sol estão completamente esticadas”, disse um operário do centro de controle do telescópio em Baltimore, na costa leste dos Estados Unidos, em meio aos vivas dos membros da equipe, como visto em uma transmissão ao vivo.

O telescópio é grande demais para acomodar um foguete e por isso foi preciso dobrá-lo sobre si mesmo como um origami e desdobrá-lo no espaço, um procedimento extremamente perigoso. Abrir este guarda-sol era uma das etapas mais difíceis da missão.

Astrônomos de todo o mundo esperavam ansiosos pelo James Webb, o telescópio espacial mais potente, porque permitirá observar as primeiras galáxias, formadas poucas centenas de milhões de anos após o Big Bang.

O observatório foi lançado há pouco mais de uma semana da Guiana Francesa e atualmente se encontra a mais de 900.000 quilômetros da Terra. Segue rumo à sua órbita definitiva, a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, ou seja, quatro vezes a distância entre nosso planeta e a Lua.

Neste local, se algum problema surgisse, não seria possível prever uma missão de reparos.

Sua abertura, dirigida de Baltimore, devia ser realizada sem tropeços. Mais de uma centena de engenheiros se revezaram noite e dia para garantir que tudo transcorresse conforme o previsto.

A Nasa transmitiu o procedimento ao vivo pela internet. Como não há câmera a bordo do James Webb, as únicas imagens disponíveis eram da sala de controle de operações.

“Alívio”

O guarda-sol mede 20 metros por 14 e tem o formato de um diamante. Suas camadas, tão finas quanto um fio de cabelo, estavam dobradas como uma sanfona e agora vão se esticar até ficar a dezenas de centímetros de distância entre si.

São feitas de kapton, um material escolhido por sua resistência às temperaturas extremas porque a face mais próxima do sol pode alcançar os 125°C e a mais longínqua, -235°C.

Sua abertura foi possível graças a centenas de polias e cabos para guiá-las, além de motores para estender cada vela de cada ponta do diamante.

Um procedimento que preocupava, apesar de ter sido testado muitas vezes na Terra.

“Quando me perguntam o que é o que mantém acordado à noite, é a abertura do guarda-sol”, disse na segunda-feira Bill Ochs, chefe de projetos do James Webb, antes de as operações começarem. “Vamos suspirar de alívio quando conseguirmos esticar a quinta camada”.

Pronto em poucos meses

Na segunda-feira, as primeiras três camadas foram abertas e esticadas com sucesso. Na manhã de terça-feira, as equipes fizeram o mesmo com as duas últimas.

Antes foram ativadas as duas “estruturas de paletas” que continham o escudo solar.

Este escudo térmico é essencial porque os instrumentos científicos do James Webb só funcionam a temperaturas muito baixas e às escuras.

A grande novidade deste telescópio é que vai operar por meio do espectro infra-vermelho próximo e médio, comprimentos de onda visíveis a olho nu.

Para poder detectar a luz fraca, procedente dos confins do universo, não pode ser afetado pela radiação solar, mas tampouco pela emitida da Terra e da Lua.

O passo seguinte é a abertura dos espelhos: primeiro um secundário, menor e colocado ao final de um tripé, e depois o principal, recoberto com ouro e com 6,6 metros de diâmetro.

Uma vez configurado, o James Webb chegará ao seu destino, conhecido como o ponto Lagrange 2. Então, será preciso esfriar e calibrar os instrumentos e ajustar os espelhos com muita precisão.

Seis meses após o lançamento, o telescópio estará pronto para remontar às origens do universo e buscar entornos habitáveis fora do nosso sistema solar.

Agence France-Presse

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