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Mundo

Escola religiosa quer revitalizar cidade israelense afetada pelo conflito com Hamas

O ataque do Hamas deixou quase 1.140 mortos, a maioria civis, no território israelense

Redação Jornal de Brasília

25/12/2023 9h59

Um estudante da Yeshiva é fotografado em um seminário judaico na cidade de Sderot, no sul de Israel, perto da fronteira com Gaza, – Foto: Menahem Kahana / AFP

Muitos moradores de Sderot fugiram após o ataque do Hamas em 7 de outubro, mas uma escola talmúdica retomou as aulas e espera revitalizar a cidade israelense, muito próxima da Faixa de Gaza.

Na sala de estudos da yeshivá (escola talmúdica) de Sderot, as conversas dos alunos são interrompidas pelo estrondo dos disparos do Exército israelense contra a Faixa, que fica a menos de cinco quilômetros.

A maioria dos 35.000 habitantes da cidade não retornou depois do atentado executado pelos milicianos do grupo islamista palestino em 7 de outubro, uma ação que matou pelo menos 40 pessoas na localidade, incluindo vários policiais em uma delegacia, que foi alvo do ataque durante várias horas.

O ataque do Hamas deixou quase 1.140 mortos, a maioria civis, no território israelense, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades do país. Além disso, 240 pessoas foram sequestradas, das quais 129 permanecem como reféns em Gaza.

Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas, que está no poder em Gaza desde 2007, e bombardeia de modo incessante o território palestino, que está sob cerco total desde 9 de outubro. A ofensiva deixou mais de 20.400 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

 

– “Presença judaica” –

A yeshivá de Sderot, fundada há três décadas na pequena cidade do sul de Israel, suspendeu as aulas imediatamente após o ataque.

Mas o centro de ensino e seus 600 alunos foram os primeiros a retomar as atividades na cidade.

“Sderot é uma cidade em desenvolvimento (…) Viemos para fortalecer a cidade com a Torá e o sionismo”, explica à AFP o diretor espiritual da escola, o rabino David Fendel.

“Quando você tem a força de centenas de jovens idealistas, a vida em Sderot dá uma guinada”, disse o rabino.

O centro de ensino é um dos principais institutos do sionismo religioso e seu diretor considera que no futuro deve haver “uma presença judaica” dentro da Faixa de Gaza, de onde Israel retirou seu Exército e seus colonos em 2005.

Na madrugada de 7 de outubro, os alunos e os professores estavam rezando no último dia da festividade judaica de Sucot quando ouviram os alertas e depois ouviram os tiros nas ruas, a poucos metros da yeshivá.

Alguns estudantes, reservistas do Exército, seguiram para os combates, enquanto outros ajudaram no atendimento aos feridos e a retirá-los da cidade.

“Queremos ser os guardiões da cidade e estudamos a Torá aqui porque é a base da nação judaica”, afirma Fendel.

– “Exemplo” –

O Exército autorizou o retorno, mas há menos estudantes, pois muitos foram convocados e lutam em Gaza contra o Hamas.

Para Ron Amar, 20 anos, que estuda na instituição há dois anos e meio, “voltar foi um choque porque a cidade está vazia”, mas ele afirma que os estudantes desejam “dar o exemplo e encorajar” o retorno dos moradores de Sderot.

Amar, voluntário das equipes de resgate, recorda a visão dos corpos nas ruas no dia 7 de outubro. O estudante conta que precisou “manter a calma” para ajudar os outros. “Nós estamos acostumados com disparos de foguetes (de Gaza), mas desta vez foi diferente”.

Os moradores de Sderot, levado de maneira temporária para o centro Israel, retornam aos poucos para suas casas, mas as ruas da cidade continuam vazias e muitos estabelecimentos comerciais permanecem fechados.

“Estar aqui é mostrar ao Hamas que eles não nos venceram, que não fugimos e que seguimos fortes”, disse Amar.

“Devemos reforçar nossas orações por nossos soldados, nossos reféns e pelo povo de Israel”, insiste o rabino Fendel.

“A cidade precisa de nós”, conclui.

© Agence France-Presse

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