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Em Lisboa, papa critica crise migratória na Europa e falta de perspectiva para jovens

Depois de sobrevoar a capital lusa num avião escoltado por dois caças F-16, Francisco foi recebido com honras militares pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém

Redação Jornal de Brasília

02/08/2023 11h23

Foto: AFP

GIULIANA MIRANDA
LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS)

Protagonista da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que deve reunir cerca de 1 milhão de pessoas até 6 de agosto em Lisboa, o papa Francisco chegou na manhã desta quarta-feira (2) a Portugal.

O pontífice, no entanto, só irá se juntar aos jovens na quinta-feira. O dia da chegada foi totalmente dedicado a encontros com políticos, autoridades e membros do clero de Portugal e de outros países.

Depois de sobrevoar a capital lusa num avião escoltado por dois caças F-16, Francisco foi recebido com honras militares pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém, sede da Presidência.

Após a reunião com o chefe de Estado, o papa participou de encontro com políticos, membros do corpo diplomático e representantes da sociedade civil. Ao fim da tarde, reúne-se com o premiê António Costa.

Andando com dificuldades, Francisco tem usado cadeira de rodas em seus deslocamentos. Ainda assim, o argentino tem participação confirmada em 19 cerimônias, com vários discursos programados.

Em sua primeira intervenção em Portugal, discursando no palco do Centro Cultural de Belém para uma plateia lotada, o papa voltou a criticar injustiças sociais e discorreu sobre a crise migratória e o aquecimento global. O pontífice pediu ainda mais empenho dos países europeus na busca pela paz.

“Como podemos dizer que acreditamos nos jovens se não lhes damos um espaço sadio para construir o futuro? A falta de trabalho, os ritmos frenéticos em que se veem imersos, o aumento do custo de vida, a dificuldade em encontrar casa e, mais preocupante, o medo de constituir família e trazer filhos ao mundo.”

Francisco, para quem o mundo vive um “momento tempestuoso”, questionou as políticas migratórias da Europa e pediu mais ação dos políticos do Ocidente. “Para onde navegais, Europa e Ocidente, com o descarte dos idosos, os muros de arame farpado, as mortandades no mar e os berços vazios?”

Por outro lado, em uma campanha impulsionada nas redes sociais, um grupo angariou fundos para instalar três outdoors destacando a violência sexual perpetrada por membros da igreja contra menores de idade. Embora não faça parte da agenda oficial, o pontífice deve se reunir com vítimas de abusos sexuais.

Em fevereiro, relatório produzido pela comissão independente que investigou o tema identificou que ao menos 4.815 menores foram abusados por membros da Igreja Católica em Portugal desde 1950.

Um dos outdoors foi colocado na avenida Almirante Reis, uma das vias mais movimentadas da cidade, em frente a um dos palcos em que acontecem concertos e eventos paralelos à Jornada Mundial da Juventude. Escrita em inglês, a mensagem, em letras gigantes, diz “4.800 crianças abusadas pela Igreja Católica em Portugal”. Ao lado, há 4.815 pontos, cada um representando uma das vítimas.

Milhares de peregrinos lotaram a região de Belém, à margem do rio Tejo, para acompanhar os primeiros compromissos do papa em Portugal. Com a maior parte do perímetro isolado por grades de segurança, os fiéis que ficaram na área próxima ao pontífice precisaram madrugar para assegurar a posição.

Natural da Tanzânia, Joseph Elias, 25, conta que chegou ao local por volta das 4h. “Valeu a pena. O papa tem uma mensagem inspiradora de amor e fé. Ficar perto dele pode nos transformar.” Ao lado dele, jovens da Guatemala faziam uma batucada com o refrão “esta é a juventude do papa”, que contagiou outros fiéis.

Antes de se recolher para almoçar, Francisco cumprimentou fiéis que o aguardavam. Na manhã de quinta (3), ele visitará a Universidade Católica e se reúne com estudantes e membros de uma organização católica. No fim da tarde, comanda a primeira cerimônia na JMJ, num dos palcos principais do evento.

Na sexta (4), o papa tem mais uma maratona de compromissos e encontros, incluindo um período em que participará da confissão de jovens inscritos na jornada. No sábado (5), ele fará uma breve viagem ao santuário de Fátima. Após rezar o terço com jovens doentes, o papa comandará o início da vigília.

O argentino despede-se de Portugal no domingo (6), após celebrar uma missa e participar da cerimônia de encerramento, na qual será anunciada a próxima cidade a sediar a Jornada Mundial da Juventude.

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