Menu
Mundo

Dinamarca suspende vacina da AstraZeneca após problemas de coagulação em pacientes

A suspensão se dá, “depois dos informes de casos graves de formação de coágulos de sangue em pessoas que foram vacinadas

Redação Jornal de Brasília

11/03/2021 9h24

A Dinamarca suspendeu nesta quinta-feira (11) a vacina da AstraZeneca, enquanto a União Europeia se perpara para aprovar o fármaco da Johnson & Johnson contra o coronavírus, no dia que completa um ano que a Organização Mundial da Saúde classificou a covid-19 como pandemia.

A suspensão da vacina da AstraZeneca foi decidida “depois dos informes de casos graves de formação de coágulos de sangue em pessoas que foram vacinadas”, anunciou a Agência Nacional de Saúde dinamarquesa, antes de destacar que, “por enquanto, não se pode concluir que tenha uma relação entre a vacina e os coágulos de sangue”.

A vacina anglo-sueca está sendo analisada de perto depois de vários casos de pessoas que morreram após a imunização, mas até o momento não foi estabelecida nenhuma relação causal.

Na segunda-feira, a Áustria anunciou que interrompeu a administração de um lote de imunizantes produzidos pelo laboratório anglo-sueco após a morte de uma enfermeira de 49 anos que sucumbiu a “graves distúrbios de coagulação”, poucos dias depois ser vacinada.

Outros quatro países europeus – Estônia, Lituânia, Letônia e Luxemburgo – suspenderam imediatamente a vacinação com doses desse lote, que foi entregue a 17 países e incluía um milhão de vacinas

Em uma investigação preliminar, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou que não existe relação entre a vacina da AstraZeneca e a morte na Áustria.

O governo britânico defendeu nesta quinta-feira a vacina desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford, que chamou de “segura e eficaz”, insistindo que continuará sendo utilizada no Reino Unido.

“Deixamos claro que (a vacina) é segura e eficaz”, afirmou à imprensa um porta-voz do primeiro-ministro Boris Johnson. “Quando as pessoas são solicitadas a aparecer para recebê-la, elas devem fazer isto com confiança”, completou.

A EMA, que já aprovou outras duas vacinas, as da Pfizer/BionTech e Moderna, autorizou nesta quinta-feira a vacina da Johnson & Johnson, que precisa apenas de uma dose, ao contrário das outras, que exigem duas doses com o intervalo de váriass semanas.

Além disso, o novo fármaco pode ser armazenado durante três meses com a temperatura habitual de uma geladeira, o que facilita a distribuição.

A respeito da vacina da Pfizer/BionTech, um estudo em condições reais desenvolvido em Israel e publicado nesta quinta-feira afirma que o fármaco tem eficácia de 97% contra casos sintomáticos e formas graves da doença.

A partir de dados de pessoas vacinadas em Israel, “os resultados representam as provas concretas mais completas até o momento que demonstram a eficácia de uma vacina contra a covid-19”, segundo um comunicado dos laboratórios Pfizer/BioNTech e do ministério israelense da Saúde.

De acordo com o estudo, a vacina também tem eficácia de “94%” contra as formas assintomáticas do vírus.

A distribuição da vacina é um desafio importante diante de um vírus que matou pelo menos 2.621.295 pessoas em todo o mundo, com quase 118 milhões de casos de infecção, segundo um balanço da AFP.

País mais afetado com mais de meio milhão de mortos, os Estados Unidos aceleram a vacinação.

Mais de 93 milhões de doses de vacina já foram aplicadas no país, que fez pedidos suficientes para receber até o fim de maio a quantidade necessária para vacinar todos os americanos.

“2021 será muito duro”

A situação é muito mais complicada no Brasil, que parece em uma crise cada vez mais profunda. Na quarta-feira, o país registrou pela primeira vez mais de 2.000 morte em 24 horas (2.286).

“Estamos no pior momento da pandemia no Brasil, o índice de transmissão com as variantes torna a epidemia ainda mais grave. O ano de 2021 será ainda mais difícil”, disse à AFP a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz.

“Estamos preocupados com a situação no Brasil. Este é um forte lembrete da ameaça de um novo ressurgimento, uma vez que as áreas gravemente atingidas pelo vírus continuam a ser muito vulneráveis a infecções”, declarou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne.

A vacinação começou de maneira tardia no país, que já registrou 270.656 mortes provocadas pela covid-19. O presidente Jair Bolsonaro minimiza a pandemia e é contrário a fechar estabelecimentos comerciais para, segundo ele, preservar empregos.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente o atual governo.

“Não sigam nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministério da Saúde. Tomem vacina”, disse Lula na quarta-feira, anunciando que ele próprio esperava ser vacinado na próxima semana.

Na Europa, a OMS pediu mais esforços diante de uma “situação alarmante”. Vários pontos do continente continuam preocupando a Comissão Europeia, como a região de Tirol na Áustria, Nice e Moselle na França, Bolzano na Itália, e áreas da Baviera e Saxônia na Alemanha.

As autoridades de saúde da Alemanha anunciaram nesta quinta-feira um forte aumento das infecções e expressaram preocupação com uma “terceira onda” no país, alimentada pelas diferentes variantes.

A França vai transferir os pacientes de algumas regiões para aliviar os hospitais que estão lotados, sobretudo na região de Paris.

Na Itália, a expectativa de vida caiu quase um ano, para 82,3 anos, devido à pandemia, de acordo com as estatísticas oficiais.

Crianças com fome, isoladas

Em um ano, a pandemia também provocou o retrocesso de todos os indicadores que medem o desenvolvimento de crianças e adolescentes no mundo, adverte o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

“Aumentou o número de crianças com fome, isoladas, abusadas, ansiosas, que vivem na pobreza e são forçadas a se casar”, afirmou a diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore.

Entre seis e sete milhões a mais de crianças podem ter sofrido desnutrição em 2020, um aumento de 14% que pode ser traduzido em mais de 10.000 mortes adicionais por mês, principalmente na África Subsaariana e no sul da Ásia.

Na Ásia, onde o Camboja anunciou nesta quinta-feira sua primeira morte por coronavíus, a ameaça da covid-19 não impediu que milhares de peregrinos entrassem no sagrado rio Ganges por ocasião de um importante festival hindu.

© Agence France-Presse

© Agence France-Presse

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado