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Dezenas de tanques israelenses entram no sul da Faixa de Gaza

Um bombardeio na entrada do hospital Kamal Adwan, na zona norte de Gaza, provocou várias mortes durante a madrugada

Redação Jornal de Brasília

04/12/2023 10h11

Foto: Menahem KAHANA / AFP

Dezenas de tanques israelenses entraram nesta segunda-feira (4) no sul da Faixa de de Gaza, onde o Exército expandiu a ofensiva terrestre contra o Hamas, apesar da presença de centenas de milhares de civis e do aumento das tensões na região.

As forças israelenses, que iniciaram uma ofensiva terrestre em 27 de outubro no norte do território palestino, multiplicaram os bombardeios no sul desde a retomada dos combates em 1º de dezembro, após sete dias de trégua. O Exército afirmou que pretendia ampliar as operações no “conjunto da Faixa de Gaza”.

“Onde existe um reduto do Hamas, as Forças de Defesa Israelenses (FDI) operam no local”, afirmou o porta-voz militar Daniel Hagari.

Dezenas de tanques, veículos de transporte de tropas e escavadeiras israelenses entraram no sul do pequeno território, na altura da cidade de Khan Yunis, afirmaram várias testemunhas à AFP nesta segunda-feira.

Amin Abu Hola, 59 anos, informou que os veículos militares israelenses avançaram quase dois quilômetros, até a localidade de Al Qarara, ao nordeste de Khan Yunes. “Os tanques estão na rodovia de Salaheddin”, que atravessa a Faixa de norte a sul, afirmou Moaz Mohammed, 34 anos.

Um bombardeio na entrada do hospital Kamal Adwan, na zona norte de Gaza, provocou várias mortes durante a madrugada, informou a agência palestina Wafa. O governo do Hamas acusou Israel de “grave violação” do direito internacional. O Exército não comentou a acusação.

Israel acusa o grupo islamista palestino, que também é considerado uma organização terrorista por Estados Unidos e União Europeia, de ter instalado infraestruturas no subsolo dos hospitais da Faixa e de utilizar os civis como escudos humanos.

O Ministério da Saúde do Hamas afirma que mais de 15.500 pessoas, 70% delas mulheres e menores de idade, morreram nos bombardeios israelenses, efetuados em resposta ao ataque sem precedentes do movimento islamista em território israelense em 7 de outubro.

Os combatentes islamistas invadiram o território de Israel e mataram 1.200 pessoas, a maioria civis. Além disso, 240 foram sequestradas, segundo as autoridades.

Israel declarou guerra ao Hamas e prometeu “aniquilar” o grupo, que governa o território palestino desde 2007.

Caos nos hospitais

O Exército de Israel anunciou nesta segunda-feira as mortes de três soldados nos combates na Faixa de Gaza, o que eleva a 75 o número de militares do país que morreram desde o início da ofensiva terrestre.

O balanço de integrantes das Forças Armadas mortos desde 7 de outubro chega a 401.

Sob uma trégua obtida com a mediação do Catar, além do apoio do Egito e dos Estados Unidos, 80 reféns israelenses foram liberados em troca da saída de 240 detentos palestinos das prisões de Israel.

Mais de 20 reféns adicionais também foram liberados em Gaza, a maioria tailandeses que trabalhavam em Israel.

No sul do território, os bombardeios israelenses se concentraram nos últimos dias em Khan Yunis e seus arredores, onde a cada dia o Exército alerta para um “grande ataque iminente” e ordena a saída da população.

Desde o início da guerra, centenas de milhares de moradores da Faixa fugiram de suas casas e seguiram para o sul.

Israel afirmou que não está tentando obrigar os civis palestinos de Gaza a abandonar suas casas de maneira definitiva, mas reconheceu que as condições são “duras”.

“Pedimos aos civis que deixem a área de combates. E designamos uma zona humanitária dentro da Faixa de Gaza”, declarou Jonathan Conricus, um dos porta-vozes do Exército de Israel, em referência a uma estreita faixa costeira dentro do território palestino, chamada Al Mawasi.

Os hospitais, que no norte estão quase todos fechados, no sul estão lotados de feridos, sem energia elétrica e com poucas reservas de combustível.

“Estou ficando sem palavras para descrever os horrores que atingem as crianças aqui”, disse James Elder, porta-voz da Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que visitou o hospital Nasser em Khan Yunis, o maior do sul de Gaza.

“Este é o pior bombardeio na guerra no sul de Gaza. Estou vendo muitas vítimas crianças”, acrescentou.

Proteção “real” aos civis

As FDI informaram no domingo que efetuaram quase 10.000 bombardeios aéreos desde o início da guerra.

Os ataques destruíram ou danificaram metade dos edifícios, segundo a ONU, cujo secretário-geral, Antonio Guterres, citou uma “catástrofe humanitária mundial”.

As necessidades são imensas no território, que é alvo de um cerco total desde 9 de outubro e onde 1,8 milhão de pessoas, de um total de 2,4 milhões, foram forçadas ao deslocamento devido à guerra, segundo a ONU.

Com exceção dos sete dias de trégua que permitiram a entrada a partir do Egito de centenas de caminhões de ajuda humanitária, a passagem de fronteira de Rafah está apenas parcialmente aberta.

De modo paralelo, o Exército israelense iniciou na madrugada de segunda-feira várias operações em diferentes setores da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, em particular em Jenin, segundo a agência Wafa.

O governo dos Estados Unidos, que fornece bilhões de dólares em ajuda militar anual a Israel, intensificou os apelos por proteção aos civis de Gaza.

“Muitos palestinos inocentes morreram”, declarou a vice-presidente Kamala Harris na COP28

A Alemanha também fez um apelo a Israel para que o país garanta uma proteção “real” às centenas de milhares de civis do território.

Em meio a temores de uma propagação do conflito pela região, um destróier americano derrubou vários drones sobre o Mar Vermelho quando auxiliava navios comerciais que foram alvos de ataques procedentes do Iêmen.

Rebeldes houthis no Iêmen, apoiados pelo Irã, afirmaram que atacaram dois navios. Também lançaram drones e mísseis contra Israel nas últimas semanas.

© Agence France-Presse

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