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Mundo

Cúpula das Américas começa com turbulências

O presidente acrescentou que o México será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, na cúpula

Redação Jornal de Brasília

06/06/2022 18h45

Foto: Henry Romero / REUTERS

A Cúpula das Américas começou em meio a fortes turbulências após a exclusão de Cuba, Nicarágua e Venezuela e da ausência do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que informou nesta segunda-feira(6) que não participaria do encontro que tem como principal tema a crise migratória.

“Não vou à cúpula porque nem todos os países das Américas estão convidados e acredito na necessidade de mudar a política que se impõe há séculos, a exclusão”, disse López Obrador, apesar das insistências de Joe Biden para que compareça ao encontro.

O presidente acrescentou que o México será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, na cúpula, que começa nesta segunda-feira em Los Angeles.

Um funcionário do governo de Joe Biden disse nesta segunda-feira à AFP que “Cuba, Nicarágua e Venezuela não foram convidados a participar desta cúpula” porque os “Estados Unidos seguem mantendo reservas sobre a falta de espaços democráticos e a situação dos direitos humanos” nos três países.

“Temos que respeitar a tradição democrática da Cúpula das Américas”, afirmou o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Brian Nichols, que participa de uma reunião civil às margens da cúpula em Los Angeles.

O diplomata anunciou que a Venezuela estará representada por um delegado de Juan Guaidó, líder da oposição e reconhecido pelos EUA e outros 50 países como presidente interino venezuelano.

“Fracasso neoliberal”

“O evento já é um fracasso neoliberal” que “isola e desconecta os EUA de Nossa América. São pressões e chantagens”, escreveu nesta segunda-feira no Twitter o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, apesar de o presidente da ilha, Miguel Díaz-Canel, já ter confirmado que não iria.

O líder dissidente cubano Manuel Cuesta Morúa denunciou no Twitter que o governo impediu a viagem de opositores à cúpula. “Um regime excludente que protesta quando é excluído”, criticou.

Os presidentes de Honduras, Xiomara Castro, que se alinhou com AMLO, e da Guatemala, Alejandro Giammattei, cuja gestão já recebeu críticas da Casa Branca, anunciaram que recusaram o convite para assistir ao encontro.

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, cancelou sua presença no encontro após testar positivo para covid-19.

O presidente boliviano, Luis Arce, anunciou que não viajará a Los Angeles se todos os outros mandatários não forem, enquanto o bloco das 14 nações do Caribe também colocou em dúvida sua presença.

Durante a semana haverá reuniões da sociedade civil com alguns governantes, encontros acadêmicos e de líderes empresariais. As eleições presidenciais estão previstas para quinta dia 9 e sexta, 10.

A cúpula, que encerrará em 10 de junho e que se celebra no contexto da guerra na Ucrânia, permitirá a Biden reunir-se com alguns de seus colegas, como o brasileiro Jair Bolsonaro, que confirmou presença e deve chegar na quinta-feira.

“Caminhos para nossa liberdade”

Uma caravana com milhares de migrantes da Venezuela, Honduras, Nicarágua e outros países partiu nesta segunda-feira sob fortes chuvas de Tapachula, no sul do México, com a intenção de percorrer mais de 3.000 km a pé para chegar aos Estados Unidos.

“Dizemos aos líderes dos países que se reúnem hoje na Cúpula das Américas que mulheres e crianças migrantes, famílias migrantes, não são moeda de troca, de interesses ideológicos e políticos”, declarou à AFP Luis García Villagrán, coordenador da ONG Centro de Dignificação Humana, que acompanha os migrantes.

“Caminhamos pela nossa liberdade, porque temos o direito de migrar”, acrescentou.

A organização Human Rights Watch denunciou nesta segunda-feira os “abusos” sofridos por migrantes e solicitantes de refúgio que chegam ao México vindos do sul, como resultado de políticas destinadas a impedir que cheguem aos Estados Unidos. A espera ocorre em “condições terríveis”, acrescentou.

Milhares de pessoas, principalmente da América Central e outros países de América Latina, cruzam México diariamente rumo aos Estados Unidos. Eles dizem que fogem da violência e da pobreza em seus países, agravadas pela pandemia de covid-19.

Apesar das ausências, estão em pauta temas como o crescimento econômico, a recuperação pós-pandemia, a luta contra o aquecimento global e especialmente a migração.

A questão da migração impactar Biden nas eleições de meio de mandato em novembro, nas quais disputa o controle do Congresso.

“Uma punhalada”

Nesta segunda-feira, são esperados os presidentes do Panamá, Laurentino Cortizo, importante país de trânsito de migrantes; e do Chile, Gabriel Boric, que criticou a exclusão de convidados.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que celebrou no fim de semana os “passos leves mas significativos” dos Estados Unidos ao permitir que petroleiras operem no país, também ficou de fora.

“O próprio governo dos Estados Unidos se encarregou de cortar a possibilidade de sucesso da Cúpula das Américas”, afirmou Maduro no fim de semana.

Ele estimou que o presidente argentino, Alberto Fernández, que assistirá à cúpula, “levará (…) a voz da América Latina e Caribe”. “Sei que estaremos bem representados”, afirmou.

© Agence France-Presse

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