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Coelhinhos de Páscoa cheios de MDMA são apreendidos na Bélgica

Os coelhinhos de chocolate falsos foram embalados para serem enviados da Bélgica para um comprador em Hong Kong, mas acabaram interceptados no terminal de carga do aeroporto de Bruxelas

Redação Jornal de Brasília

08/04/2023 9h21

Foto: Kenzo TRIBOUILLARD / AFP

Os coelhinhos belgas serão um presente de Páscoa para as crianças de todo o mundo neste fim de semana, mas nem todos foram feitos com o famoso chocolate, pelo qual o país é conhecido. Um lote de coelhinhos da Páscoa apreendido esta semana pelo oficial da Alfândega Pol Meuleneire foi feito de um pedaço sólido de MDMA, a matéria-prima para comprimidos de ecstasy.

Conhecida como porta de entrada na Europa para a cocaína latino-americana, a Bélgica agora também se tornou um portal para drogas sintéticas pelos correios, fabricadas na Europa e enviadas para vários países.

Meuleneire, que se aposentará em alguns meses após 43 anos na Alfândega belga, disse à AFP que, quando começou sua carreira, ficou impactado ao encontrar 10 gramas de maconha em uma carta. Agora, seu espaço de trabalho em um bloco de escritórios na área de carga do aeroporto de Bruxelas está repleto de pacotes suspeitos, sacolas e frascos de comprimidos e pós ilegais.

“Em 2022, chegamos a quase seis toneladas de drogas apreendidas aqui no aeroporto”, disse Florence Angelici, porta-voz do serviço financeiro federal SPF. “Sai para o mundo todo. Hoje, as pessoas podem fazer pedidos online na ‘deep web’ (Internet profunda) com alguns poucos ‘cliques’ e podem decidir o que querem e receber em casa”, acrescentou.

Os coelhinhos de chocolate falsos foram embalados para serem enviados da Bélgica para um comprador em Hong Kong, mas acabaram interceptados no terminal de carga do aeroporto de Bruxelas. Meuleneire pressionou seu escâner portátil, que usa espectroscopia para identificar substâncias por sua impressão digital química, contra um suposto coelho de chocolate e fez uma leitura. A tela piscou em verde e a análise foi clara: “Cuidado: MDMA (Ecstasy)”.

“Viu? É MDMA puro”, disse Meuleniere, de 61 anos. “Então, aqui temos, vejamos… Um ou dois quilos disso. Um quilo dá seis mil comprimidos de ecstasy”, acrescentou.

E, no momento em que Meuleneire falava com jornalistas da AFP durante uma visita ao local, chegaram várias entregas ilícitas de outros pacotes recebidos na semana passada.

Uma lancheira com a marca Peppa Pig destinada à Nova Zelândia parecia inocente, mas o pacote estava pesado demais para ser apenas papelão e plástico. Dentro, com divisórias protetoras de plástico, estava a cetamina, um anestésico usado como droga recreativa e uma das exportações ilegais que mais crescem, por meio do depósito postal do aeroporto.

Entre outras drogas, há também cocaína, embalada em pacotes plásticos entre camadas duplas de embalagens de papelão. O pacote pesado também levanta a suspeita de um experiente agente.

Antuérpia, na Bélgica, é o principal porto de entrada da cocaína latino-americana na Europa, mas parte dela é simplesmente reexportada pelo correio para países como a Austrália. Lá, seu preço de venda é mais alto.

Mas a maioria das exportações por correio é mesmo de drogas sintéticas fabricadas em laboratórios e plantas farmacêuticas clandestinos na Bélgica e, especialmente, segundo funcionários belgas, na Holanda.

Cetamina, MDMA e metanfetamina são disfarçados de objetos do dia a dia, ou embalados em frascos marcados como suplementos vitamínicos legais. Depois, são enviados de agências comuns dos correios de Bélgica, França e Alemanha.

© Agence France-Presse

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