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Cisjordânia celebra grande funeral após incursão israelense mais letal desde 2005

Do telhado de um prédio abandonado no centro de Jenin, uma cidade do norte da Cisjordânia, um grupo de crianças contava os corpos levados

Redação Jornal de Brasília

10/11/2023 18h51

(Photo by Kenzo TRIBOUILLARD / AFP)

A cidade de Jenin celebrou, nesta sexta-feira (10), um enorme funeral para os combatentes palestinos mortos na quinta-feira durante a incursão israelense mais mortal na Cisjordânia ocupada desde 2005.

Do telhado de um prédio abandonado no centro de Jenin, uma cidade do norte da Cisjordânia, um grupo de crianças contava os corpos levados ao cemitério por combatentes encapuzados.

O ministério da Saúde palestino afirmou na quinta-feira que, durante o dia, foram registrados 14 mortos em Jenin e 18 em todo território ocupado por Israel desde 1967. Essa foi a incursão israelense mais mortal na Cisjordânia desde 2005, segundo a ONU.

“Viemos para o combate”, gritou a multidão, agitando bandeiras palestinas e de organizações como a da Jihad Islâmica, um aliado do Hamas que os apoia em seus combates em Gaza, e do Fatah, o partido do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

Os corpos não foram lavados e conservam as manchas de sangue, já que são considerados “mártires”.

 

“Nunca estamos seguros”

 

Depois dos confrontos entre os combatentes encapuzados e as tropas israelenses em veículos blindados, as ruas de Jenin ficaram devastadas e ainda há rastros das cápsulas das balas.

“Não vivemos como as outras pessoas”, disse Hayat Amorri, uma mulher de 38 anos, vasculhando os escombros ainda fumegantes de sua casa destruída durante a operação.

O Exército israelense informou, na quinta-feira, que “durante uma ação antiterrorista” em Jenin “morreram mais de dez terroristas” e “foram presos mais de 20 suspeitos”.

Os funerais terminaram no mesmo local onde há uma semana outros combatentes foram enterrados.

“Dia após dia, nos atacam. Entram na cidade, no campo, nas aldeias. Nunca estamos seguros”, disse à AFP Salam Husein, um homem de 39 anos.

A Cisjordânia registra uma intensificação da violência desde o início da guerra entre Israel e Hamas em Gaza e as incursões do Exército israelense e os ataques dos colonos contra palestinos aumentaram.

Desde 7 de outubro, cerca de 180 palestinos morreram na Cisjordânia, segundo o ministério da Saúde palestino.

O conflito começou depois que os combatentes do movimento islamista Hamas lançaram um ataque em Israel que deixou 1.200 mortos, em sua maioria civis, segundo o último balanço das autoridades israelenses.

Israel prometeu “aniquilar” o movimento islamista em represália pelo ataque e desde então sustenta uma ofensiva que deixou mais de 11.000 mortos em Gaza, em sua maioria civis, segundo o ministério da Saúde do Hamas, que governa esse território palestino.

© Agence France-Presse

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