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China lança mísseis perto de Taiwan e Washington pede diminuição de tensões

A China considerou a iniciativa de Pelosi en visitar Taiwan uma “provocação”. Em resposta, realizou uma série de manobras militares

Redação Jornal de Brasília

05/08/2022 5h56

A China lançou 11 mísseis perto de Taiwan, nesta quinta-feira (4), durante exercícios militares após uma visita à ilha da presidente da Câmara do Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, atitude que Washington classificou como uma reação “exagerada”, pedindo a diminuição das tensões.

Apesar das advertências de Pequim, que considera Taiwan parte de seu território, Pelosi, segunda na linha de sucessão presidencial, fez u ma visita relâmpago a Taipé, durante a qual afirmou que os Estados Unidos “não abandonarão” a ilha. Nesta quinta-feira, chegou ao Japão, última etapa de sua viagem asiática.

A China considerou a iniciativa da congressista democrata uma “provocação”. Em resposta, realizou uma série de manobras militares nas águas próximas de Taiwan, que incluem algumas das rotas marítimas mais movimentadas do mundo.

Washington acusou Pequim de ter reagido “exageradamente” à visita de Pelosi e alertou que seu porta-aviões “USS Reagan” continuará a “monitorar” os arredores de Taiwan. Os Estados Unidos também anunciaram que adiaram um teste de mísseis intercontinentais “para evitar uma maior escalada de tensões”, segundo o porta-voz do Departamento de Defesa, John Kirby.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse esperar que a China não “procure um pretexto para aumentar suas operações militares agressivas”.

As manobras de Pequim incluíram “disparos de mísseis convencionais” nas águas da costa leste de Taiwan, segundo Shi Yi, porta-voz das forças armadas chinesas.

O ministério taiwanês da Defesa confirmou que exército chinês disparou “11 mísseis” balísticos do tipo Dongfeng “nas águas do norte, sul e leste de Taiwan”.

Além disso, denunciou que 22 aviões militares cruzaram a “linha média” do Estreito de Taiwan, uma coordenada não oficial, mas que raramente é ultrapassada, no meio do caminho entre a costa da China e as da ilha autônoma.

Mas Pelosi garantiu em Tóquio que os Estados Unidos “não permitirão” que a China isole Taiwan.

“Eles podem tentar impedir que Taiwan visite ou participe de outros lugares, mas não vão isolar Taiwan impedindo-nos de viajar para lá”, disse Pelosi.

“Impacto grave”

O Japão pediu o “fim imediato” das manobras chinesas, após indicar que cinco mísseis caíram supostamente em sua zona econômica exclusiva (ZEE) e que quatro deles podem ter “sobrevoado a ilha de Taiwan”.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, condenou o disparo do míssil, chamando-o de “sério problema que afeta nossa segurança nacional e a segurança de nossos cidadãos”, em declarações a repórteres depois de tomar café da manhã com Pelosi em Tóquio.

As manobras militares chinesas, as maiores das últimas décadas, devem durar até domingo.

Pequim defendeu os exercícios, assim como outras manobras executadas nos últimos dias, como “justos e necessários”, ao mesmo tempo que culpou Washington e seus aliados pela escalada.

Em relação à “visita de Pelosi a Taiwan, os Estados Unidos são o provocador, a China é a vítima”, declarou a porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying.

Uma fonte militar chinesa disse à AFP que os exercícios acontecem “em preparação para um combate real”.

“Se as forças taiwanesas entrarem em contato com o EPL (Exército Popular de Libertação) e acidentalmente dispararem uma arma, o EPL adotará medidas severas e todas as consequências acontecerão do lado taiwanês”, acrescentou a fonte.

Bloquear a ilha

Os exercício buscam simular um “bloqueio” da ilha e incluem o “ataque a alvos no mar, o ataque a alvos em terra e o controle do espaço aéreo”, segundo a agência oficial Xinhua.

A hipótese de uma invasão de Taiwan, com 23 milhões de habitantes, é pouco provável. Mas, desde a eleição em 2016 da atual presidente, Tsai Ing-wen, as ameaças são cada vez maiores.

Tsai, que pertence a um partido independentista, ao contrário do governo anterior, se nega a reconhecer que a ilha e a parte continental integrem “uma só China”.

Nos últimos anos, as visitas a Taipé de autoridades e congressistas estrangeiros aumentaram, o que irrita Pequim.

Como resposta, a China tenta isolar Taiwan no campo diplomático e aumentar a pressão militar contra a ilha.

Analistas, no entanto, afirmaram à AFP que a China não pretende agravar a situação além de seu controle, ao menos no momento.

“A última coisa que Xi deseja é a explosão de uma guerra acidental”, afirmou Titus Chen, professor associado de Ciências Políticas na Universidade Nacional Sun Yat-Sen de Taiwan.

Mas para Amanda Hsiao, especialista em China do International Crisis Group, “o anúncio dos exercícios militares chineses representa uma clara escalada da atual base de atividades militares chinesas ao redor de Taiwan e da última crise no Estreito de Taiwan de 1995-1996″”.

“Agindo desta maneira, Pequim mostra que rejeita qualquer soberania das autoridades taiwanesas”, acrescenta.

© Agence France-Presse

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