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Bombardeio atinge maior hospital do norte de Gaza, onde combates não dão trégua

Redação Jornal de Brasília

10/11/2023 10h15

Foto: Aris MESSINIS / AFP

O maior hospital da Faixa de Gaza sofreu um bombardeio letal nesta sexta-feira (10), em meio a combates intensos entre o Exército israelense e o movimento islamista Hamas no norte do território palestino, de onde os civis continuam fugindo em direção ao sul.

O Hamas anunciou que 13 pessoas morreram, e dezenas ficaram feridas no ataque contra o hospital Al Shifa, atribuído pelo grupo a Israel, que não se manifestou sobre a denúncia até o momento.

Israel havia anunciado combates intensos nas imediações do hospital na quinta-feira (9). Também informou que matou dezenas de combatentes e destruiu túneis do Hamas.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou na quinta-feira que o país não pretende governar, nem ocupar a Faixa de Gaza, mais de um mês depois do início da guerra entre Israel e Hamas, que deixou o território em uma situação humanitária dramática, segundo a ONU e várias ONGs.

Israel prometeu “aniquilar o Hamas” em represália pelo ataque de 7 de outubro, dia em que combatentes islamistas mataram 1.400 pessoas, a maioria civis, e sequestraram quase 240.

Na Faixa de Gaza, os bombardeios israelenses mataram mais de 10.800 pessoas, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

“Bairro militar” do Hamas

Paralelamente, as tropas terrestres israelenses intensificam o cerco à Cidade de Gaza, norte do território, que, segundo o Exército, abriga o “bairro militar” do Hamas.

O Ministério da Saúde do Hamas afirmou que vários hospitais do norte do território foram bombardeados, incluindo Al Shifa.

“Treze mártires e dezenas de feridos hoje em um bombardeio israelense contra o complexo de Al Shifa”, na Cidade de Gaza, afirma um comunicado do governo do movimento islamista palestino.

O diretor do centro médico, Mohammad Abu Salmiya, havia anunciado alguns minutos antes o balanço de dois mortos e 10 feridos, a maioria crianças.

Abu Mohammad, um pai de família de 32 anos, contou à AFP que buscou refúgio no hospital ao lado de 15 integrantes de sua família, depois de fugir dos bombardeios.

“Não resta nenhum lugar seguro. O Exército atacou Al Shifa. Não sei o que fazer”, disse. “Há tiroteios (…) no hospital. Estamos com medo de sair”.

Imagens da AFPTV mostram bombardeios na quinta-feira à noite perto do hospital Beit Lahia, o que provocou pânico no estabelecimento.

“Muito mais precisa ser feito”

O Exército israelense acusa o Hamas de utilizar hospitais, em particular o de Al Shifa, para coordenar ataques e também como esconderijos para seus comandantes.

As autoridades do Hamas e médicos negam as acusações.

O governo dos Estados Unidos anunciou que Israel aceitou fazer “pausas diárias de quatro horas” para permitir que os civis bloqueados pelos combates no norte da Faixa consigam fugir para o sul.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou nesta sexta-feira que recebeu com satisfação a notícia das pausas acordadas por Israel, mas destacou que “muito mais precisa ser feito para proteger os civis e levar assistência humanitária para eles”.

Netanyahu rejeita um cessar-fogo com Hamas, por considerar que seria o equivalente a uma “rendição”.

No domingo, o Exército israelense abriu “um corredor de saída”, mas os palestinos denunciaram combates persistentes ao longo da rota, utilizada por 100.000 pessoas desde quarta-feira, segundo dados do Exército israelense e do Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU.

O diretor da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos pediu o fim do “massacre” em Gaza. “Arrasar bairros inteiros não é uma resposta aos crimes atrozes do Hamas. Pelo contrário, cria uma nova geração de palestinos que podem perpetuar o ciclo de violência. Simplesmente, o massacre deve terminar”, disse Philippe Lazzarini.

Sem água nem banheiros

Às centenas de milhares de refugiados vivendo em condições desastrosas no sul do pequeno território, uniram-se milhares de homens e mulheres, que chegam a pé com os filhos nos braços.

“Não temos água nem banheiros”, disse Oum Alaa al-Hajin, que depois de vários dias de caminhada encontrou abrigo no hospital Al Nasser, no sul.

O OCHA afirmou que o número de deslocados em Gaza chegou a 1,6 milhão, entre uma população de 2,4 milhões.

No norte, onde centenas de milhares de pessoas continuam vivendo, “a falta de alimentos é cada vez mais preocupante”, alerta a ONU.

Os hospitais que ainda não fecharam sofrem com a falta de medicamentos e combustíveis para ligar os geradores.

“Os médicos estão usando lanternas, e os cirurgiões operam com anestesia local”, disse Ahmad Mhanna, médico do hospital Al Awda.

O Conselho de Segurança da ONU voltará a abordar o conflito nesta sexta-feira. Em Paris, uma conferência internacional obteve novos compromissos de ajuda de mais de US$ 1 bilhão (R$ 4,93 bilhões na cotação atual) para os civis palestinos.

A tensão também aumenta na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde são registradas trocas de tiros entre o movimento Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense.

O Hezbollah afirmou nesta sexta-feira que sete combatentes morreram em ações das forças israelenses, sem revelar onde e quando eles faleceram.

Com estes óbitos, sobe para 68 o número de membros do Hezbollah mortos em confrontos com Israel desde 7 de outubro.

© Agence France-Presse

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