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Biden e republicanos seguem sem acordo após reunião sobre dívida

Mas para Kevin McCarthy, líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes, ainda há “muito trabalho” a ser feito

Redação Jornal de Brasília

16/05/2023 20h01

Foto: Banco de imagem

O presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, e os líderes republicanos do Congresso encerraram sem acordo, nesta terça-feira (16), uma nova reunião que buscava um entendimento para elevar o teto da dívida e evitar o temido ‘default’, que teria graves consequências para a economia nacional e global.

Após o encontro, Biden se disse “otimista de que existe um caminho para um acordo orçamentário bipartidário responsável se ambas as partes negociarem de boa fé”, informou a Casa Branca em um comunicado. Mas para Kevin McCarthy, líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes, ainda há “muito trabalho” a ser feito.

O encontro durou menos de uma hora. Antes disso, Biden, a vice-presidente Kamala Harris e os líderes da oposição posaram para fotos no Salão Oval da Casa Branca.

Como sinal de que as negociações são difíceis, Biden encurtará uma importante viagem à Ásia esta semana e retornará a Washington no domingo para continuar negociando com os republicanos, segundo duas fontes familiarizadas com sua agenda.

O presidente americano cancelará, assim, suas viagens para a Austrália e Papua-Nova Guiné, mas pretende participar da próxima reunião do G7 no Japão, acrescentaram as fontes, que pediram anonimato.

Democratas e republicanos não concordam a respeito do aumento da capacidade de emissão da dívida dos EUA, que é indispensável para que o país cumpra seus pagamentos a credores e fornecedores, pague os salários dos funcionários públicos e as pensões.

Elevar esse limite costuma ser um procedimento de rotina no país, que utiliza esse sistema há décadas.

Mas desta vez os congressistas não chegam a um acordo porque nenhum lado pretende ceder.

Os republicanos se negam a autorizar um aumento ou a suspensão do teto da dívida, exceto se o governo aceitar cortes draconianos dos gastos públicos.

– “Milhões de empregos” –

O presidente Biden não aceita, mas tem consciência de que o “default não é uma opção”.

“Se os republicanos da Câmara de Representantes nos levarem à suspensão dos pagamentos, oito milhões de empregos podem ser perdidos, o que destruiria nosso progresso econômico”, tuitou o presidente nesta terça-feira antes da reunião.

O morde e assopra ameaça provocar graves problemas para a maior economia do mundo.

O país superou em janeiro o limite máximo da dívida pública, que é de 31,4 trilhões de dólares (153,6 trilhões de reais, na cotação atual), e desde então adotou medidas extraordinárias que só permitem cumprir as obrigações por um determinado tempo.

Os Estados Unidos podem entrar em default em 1º de junho caso um acordo não seja alcançado no Congresso, advertiu na segunda-feira a secretária do Tesouro, Janet Yellen, com base em “informações adicionais agora disponíveis”.

“Se o Congresso não conseguir elevar o teto da dívida antes do default, entraremos em uma recessão e será catastrófico”, advertiu Wally Adeyemo, subsecretário do Tesouro.

– Investidores receosos –

A situação levou Biden a considerar a 14ª Emenda, que torna o teto da dívida inconstitucional, mas representa complicações jurídicas das quais o presidente afirma ter consciência.

Os analistas consideram outras possibilidades como cenários mais prováveis, como um aumento a curto prazo ou a suspensão do limite da dívida.

Em 2011, as divergências entre democratas e republicanos para aumentar o teto da dívida foram um dos motivos que levaram o país a perder temporariamente a maior nota de crédito, a cobiçada “AAA”.

E, de acordo com Yellen, o país já está sentindo os efeitos concretos da crise política do teto da dívida e citou, em particular, o aumento do custo de endividamento para o governo americano.

Os investidores ficaram mais “relutantes a manter a dívida soberana que vence em junho”, afirmou em um discurso nesta terça na ‘Independent Community Bankers of America’ (ICBA).

A taxa de juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos a um mês subiu na segunda-feira para 5,74%, a maior em pelo menos 20 anos, contra 3,29% em meados de abril.

A taxa de referência do Fed (banco central americano) está atualmente em uma faixa entre 5,00% e 5,25%.

Um default nos Estados Unidos também teria “graves consequências” para a economia global, afirmou na semana passada a diretora de comunicações do Fundo Monetário Internacional (FMI), Julie Kozack.

Kozack alertou que a situação provocaria taxas mais elevadas e maior instabilidade.

© Agence France-Presse

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