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Mundo

Biden chega à Arábia Saudita em busca de petróleo

Seu predecessor imediato, o republicano Donald Trump, fez esta viagem em 2017, mas em sentido inverso

Redação Jornal de Brasília

15/07/2022 14h43

Biden

Photo by SAUL LOEB / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aterrissou nesta sexta-feira (15) na Arábia Saudita, em uma viagem que também pode impulsionar as relações entre sauditas e Israel.

Um veículo da imprensa local mostrou imagens do encontro entre Biden e o líder “de fato” do país, o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, encostando os punhos em uma saudação, na entrada do palácio real.

O avião presidencial americano pousou na cidade costeira de Jidá (oeste), procedente de Israel, o que faz de Biden o primeiro líder americano a viajar diretamente de Israel para um país árabe que não reconhece oficialmente este último.

Seu predecessor imediato, o republicano Donald Trump, fez esta viagem em 2017, mas em sentido inverso.

Pouco antes de seu deslocamento para essa monarquia do Golfo, Israel disse não ter “qualquer objeção” à transferência de duas ilhotas estratégicas para a Arábia Saudita e esta anunciou a abertura de seu espaço aéreo para “todas as companhias aéreas”, incluindo israelenses.

Biden classificou a “histórica” decisão de Riade e de Israel como um “passo importante”.

Segundo analistas, as duas iniciativas podem abrir caminho para uma possível aproximação de Arábia Saudita e Israel. Em 2020, este último regularizou seus vínculos com dois países aliados do reino saudita: Emirados Árabes Unidos e Bharein.

Um encontro com o príncipe herdeiro

Após dois dias de trocas abertamente amistosas com primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, e de sua reunião mais austera com o líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, Biden inicia a escala mais estratégica e também mais complexa de sua viagem: Arábia Saudita, uma potência petroleira, acusada de graves violações dos direitos humanos.

Quando era candidato, Biden prometeu manter o “status” de “pária” da Arábia Saudita, em decorrência do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Depois de eleito, “desclassificou” um relatório que relatava o envolvimento do príncipe herdeiro saudita Mohamed bin Salman (ou “MBS”) na trama para matar o jornalista – algo que Riade sempre negou.

Desde então, vinha-se recusando a falar diretamente com “MBS”, mas hoje se reúne com ele e com seus ministros. Tenta, assim, buscar o equilíbrio entre se manter fiel à sua defesa dos direitos humanos e convencer o reino do petróleo a abrir as torneiras de sua produção. O desafio: baixar o preço do combustível e estabilizar a inflação.

Biden também deve se encontrar com líderes árabes do Conselho de Cooperação do Golfo reunidos na cidade saudita de Jidá para discutir os preços voláteis do petróleo.

Ajuda para os palestinos

Antes de viajar à tarde para a cidade saudita de Jidá, Biden visitou o Hospital Augusta Victoria de Jerusalém Oriental, na região palestina da Cidade Sagrada ocupada por Israel. Lá, anunciou uma ajuda de US$ 100 milhões à rede hospitalar local.

Depois, reuniu-se com o líder da Autoridade, na Cisjordânia Ocupada. No local, era esperado por manifestantes que protestavam para pedir “justiça” pela morte da jornalista palestino-americana Shireen Abu Aklen em maio passado, quando cobria uma operação militar israelense nesta área.

Em entrevista coletiva, Biden disse que “os Estados Unidos continuarão insistindo em uma completa e transparente prestação de contas de sua morte”, elogiando o trabalho da repórter da emissora Al-Jazeera, do Catar.

Biden anunciou um projeto de implementação de Internet 4G na Faixa de Gaza e na Cisjordânia para o final de 2023, uma aspiração de muitos palestinos que já constataram o uso da rede 5G em Israel. Também prometeu uma contribuição adicional de US$ 200 milhões para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA, na sigla em inglês).

“Precisamos de um horizonte político que o povo palestino possa realmente ver, ou pelo menos sentir. Não podemos permitir que o desespero nos roube o futuro”, acrescentou Biden na coletiva de imprensa ao lado de Abbas em Belém, Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967.

Embora tenha reiterado que não existem condições para retomar o processo de paz israelense-palestino, paralisado desde 2014, o presidente americano sugeriu que esse impasse não pode continuar. “Nunca abandonaremos o trabalho pela paz”, ressaltou Biden.

Já Abbas insistiu em medidas políticas, e não econômicas, para acabar, segundo ele, com o “Apartheid” israelense nos territórios palestinos ocupados.

O presidente dos EUA reafirmou o apoio de Washington a “uma solução de dois Estados para dois povos” que “têm raízes profundas e antigas” naquela terra.

Na quinta-feira, porém, já havia deixado claro que não pretende reverter o polêmico reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel. Adotada por seu antecessor Donald Trump, a medida causou muita indignação entre os palestinos, que veem Jerusalém Oriental como a sede de seu futuro Estado.

O primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, diz que apoia uma solução de dois Estados, mas não se espera nenhum progresso em direção a um acordo de paz antes das eleições de novembro.

Os temas que dominaram a reunião Biden-Lapid foram o programa nuclear iraniano e seu apoio a grupos islamistas, como o Hamas, que governa a Faixa de Gaza.

Biden e Lapid assinaram um novo pacto de segurança, no qual Washington se comprometeu a utilizar todo seu “poderio nacional” para garantir que o Irã nunca terá armas nucleares.

© Agence France-Presse

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