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Biden apoia trabalhadores em greve contra montadoras nos EUA

O sindicato representa 143 mil trabalhadores da categoria, e promete ampliar a greve se duas demandas não forem atendidas

Redação Jornal de Brasília

15/09/2023 14h58

Foto: SAUL LOEB / AFP

FERNANDA PERRIN
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)

O presidente americano, Joe Biden, afirmou nesta sexta (15) que os trabalhadores em greve das três grandes montadoras americanas -Ford, GM e Stellantis- merecem ter sua parte nos lucros recordes.

“As empresas fizeram algumas propostas significativas, mas eu acredito que elas podem ir além, para garantir que os lucros corporativos recordes signifiquem contratos recordes”, disse o americano.

A United Auto Workers (UAW), organização sindical que representa a categoria, declarou uma paralisação na madrugada de quinta para sexta, após o fracasso nas negociações com os empregadores. É a primeira vez na história que a entidade, fundada nos anos 1930, cruza os braços em fábricas das três montadoras ao mesmo tempo.

Já são cerca de 13 mil pessoas paradas em três fábricas em Michigan, Ohio e Missouri, em uma estratégia de atingir primeiro a produção de modelos mais lucrativos. O sindicato representa 143 mil trabalhadores da categoria, e promete ampliar a greve se duas demandas não forem atendidas.

O discurso, feito por volta das 13h (horário de Brasília), não estava previsto na agenda da Casa Branca. Apesar de dizer que “ninguém quer greve”, Biden afirmou que respeita o instrumento como uma das ferramentas de barganha dos trabalhadores, e elencou benefícios que a organização sindical gera para a economia, citando um recente relatório sobre o tema feito pelo Tesouro.

“O resumo da história é: os metalúrgicos ajudaram a criar a classe média americana. Eles merecem um acordo trabalhista que os ajude a continuar na classe média”, disse.

O presidente declarou ainda que vai enviar dois representantes do governo, a secretário interina do Trabalho, Julie Su, e o conselheiro econômico sênior do governo, Gene Sperling, para Detroit. O objetivo é que ambos ajudem nas negociações.

Uma onda de greves tem se espalhado pelos Estados Unidos desde o ano passado, aproveitando o mercado de trabalho aquecido e a falta de mão de obra, mas a paralisação na UAW é especialmente simbólica, por se tratar do setor pioneiro da indústria americana, e delicada politicamente.

Isso porque as negociações do novo acordo coletivo acontecem no contexto da transição da produção para veículos elétricos -mudança impulsionada por Biden, um político historicamente alinhado ao movimento sindical. A economia verde é uma prioridade para a Casa Branca, que já concedeu uma série de incentivos para as empresas se adaptarem.

No entanto, a produção de elétricos exige menos mão de obra. Estimativas do setor apontam algo como 30% a menos trabalhadores, e muitas das fábricas de baterias são comandadas por empresas estrangeiras, cujos funcionários não são sindicalizados. Eles também recebem salários menores e menos benefícios.

Em meio a essa briga, a UAW até agora não endossou a candidatura de Biden à reeleição. O provável rival do democrata, o republicano Donald Trump, vem aproveitando a tensão para atacar o atual presidente e dizer que suas políticas para uma economia verde estão “matando” trabalhadores.

O sindicato tenta aproveitar o momento de força dos trabalhadores para negociar um contrato vantajoso para a categoria, não só impedindo perdas com a transição para os elétricos, como também revertendo concessões feitas na crise de 2007 e 2008.

A entidade pede, por exemplo, um aumento salarial de 46% ao longo dos próximos quatro anos, proteção dos ganhos contra a inflação e volta de contribuições para a aposentadoria.

“Estamos construindo uma economia do futuro. Precisamos de acordos trabalhistas do futuro”, disse o presidente nesta sexta.

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