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Assange, indisposto, não comparece a julgamento decisivo para evitar extradição

“Ele não está bem hoje, ele não vai comparecer”, declarou o advogado Edward Fitzgerald no início da audiência no Tribunal Superior de Justiça de Londres

Redação Jornal de Brasília

20/02/2024 8h26

Julian Assange

Foto: AFP

O julgamento que analisa o último recurso de Julian Assange para evitar sua extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de espionagem, começou nesta terça-feira (20) em Londres sem a presença do fundador do WikiLeaks, que estava indisposto, segundo o advogado de defesa.

“Ele não está bem hoje, ele não vai comparecer”, declarou o advogado Edward Fitzgerald no início da audiência no Tribunal Superior de Justiça de Londres, em uma audiência que terminará na quarta-feira.

Nos últimos dias, a esposa e pessoas próximas a Assange alertaram sobre o estado de saúde frágil do australiano de 52 anos.

Dois magistrados do Tribunal Superior de Justiça de Londres examinarão durante dois dias a decisão da justiça britânica que, em 6 de junho do ano passado, negou a Assange o direito de recorrer contra sua entrega aos Estados Unidos, que deseja julgá-lo pelo vazamento em larga escala de documentos confidenciais.

Antes do início do julgamento, um grupo de apoio ao fundador do WikiLeaks protestou diante do tribunal, com gritos de “Liberdade para Julian Assange”.

“Julian precisa ser libertado e todos nós precisamos da verdade”, afirmou a mulher do réu, Stella Assange, na entrada do tribunal.

Em entrevista ao canal BBC na segunda-feira, ela disse que se o marido for derrotado na audiência, “não terá mais nenhuma possibilidade de apelação” no Reino Unido.

Assange ainda teria, no entanto, um último recurso a ser julgado no Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), afirmaram seus apoiadores em dezembro.

Antes do julgamento, Stella Assange alertou na semana passada sobre o estado de saúde de Julian Assange.

“A saúde dele está piorando, física e mentalmente. A vida dele corre perigo a cada dia que permanece na prisão e, se for extraditado, ele vai morrer”, afirmou na quinta-feira em uma entrevista coletiva na capital britânica.

Detido desde 2019

A extradição de Assange é solicitada pela justiça dos Estados Unidos por ele ter publicado, desde 2010, mais de 700.000 documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas de Washington, em particular no Iraque e Afeganistão.

Se a extradição for aprovada, Assange pode ser condenado a várias décadas de prisão nos Estados Unidos.

O fundador do WikiLeaks foi detido pela polícia britânica em 2019, depois de passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que mais tarde foram retiradas.

O australiano está há quatro anos na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, no leste de Londres. A campanha “Free Assange” o apresenta como um mártir da liberdade de imprensa.

O governo britânico aceitou em junho de 2022 sua extradição, mas Assange apresentou um recurso.

A justiça britânica autorizou a extradição depois que o governo dos Estados Unidos informou que ele não seria enviado para a penitenciária de segurança máxima ADX, em Florence (Colorado), chamada de “Alcatraz das Montanhas Rochosas”.

Na semana passada, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, criticou a processo prolongado prolongada contra Assange.

O Parlamento australiano aprovou, também na semana passada, uma moção apoiada pelo primeiro-ministro que pede o fim do processo contra Assange, para que ele possa retornar com sua família à Austrália.

Relatório da ONU

No início de fevereiro, a relatora especial da ONU sobre a tortura, a advogada australiana Alice Jill Edwards, pediu ao governo britânico a “suspensão da iminente extradição de Julian Assange”.

“Ele sofre há muito tempo de transtorno depressivo periódico e existe o risco de suicídio”, disse Edwards.

“O risco de que ele seja mantido em regime de isolamento, apesar da sua saúde mental precária, e de que a sua sentença possa ser desproporcional levanta a questão de saber se a extradição seria compatível com as obrigações internacionais do Reino Unido em matéria de direitos humanos”.

© Agence France-Presse

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