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‘Fora, Bolsonaro’ e shows de Gloria Groove e Criolo marcam 1º dia da Virada Cultural

A acirrada disputa eleitoral que se desenha entre Bolsonaro e Lula, do PT, esquentou vários dos shows do evento

FolhaPress

29/05/2022 11h50

O primeiro dia de Virada Cultural em São Paulo, neste sábado (28), teve como destaques protestos contra o presidente Jair Bolsonaro, do PL, e os shows de Margareth Menezes, Gloria Groove e Criolo.

A acirrada disputa eleitoral que se desenha entre Bolsonaro e Lula, do PT, esquentou vários dos shows do evento. As ações negacionistas do Planalto em relação à pandemia e vacinação também receberam críticas de cantores e do público.

Na Praça das Artes, na região central da cidade, o rapper Don L disse que esta seria a “Virada da Vacina”.

Ao fim da música “Éldwood”, o rapper pediu que o público fizesse um “L” com a mão, em referência ao seu nome, mas gesto que também pode ser entendido como menção a Lula, e depois declarou “com certeza, se não tivéssemos um presidente genocida, muito mais pessoas estariam aqui com a gente”.

Outros temas também vieram à tona ao longo da noite. A violência contra a mulher, por exemplo, foi citada por Margareth Menezes e Sidney Magal.

“Não é comum numa sociedade se matar tantas mulheres como no nosso país”, disse a cantora. “E não é pobreza. Tem lugares que têm pobreza, mas o povo não fica se matando como no Brasil. Precisamos resolver essa questão. Não é só questão de política, mas de comportamento social também. Vamos respeitar o outro. Não dá para não mudar.”

Menezes fez um dos melhores shows deste sábado, transformando o palco Viaduto do Chá, o principal da Virada Cultural no centro de São Paulo, num Carnaval.

Algumas brigas pipocaram nas regiões próximas ao palco, e houve arrastões e roubos de celulares. Mas, apesar do foco de confusão, o clima geral do show foi tranquilo.

Ela tocou sucessos como “Faraó”, “Me Abraça e Me Beija”, “Frevo Mulher” e fez o público pular ao som de

“Dandalunda”, composição de Carlinhos Brown que é um dos clássicos de seu repertório.
Quando indicou que ia encerrar o show, o público, em pura folia, gritava “mais um”.

Já no palco de Itaquera, na zona leste, Gloria Groove misturou o funk que a alçou ao estrelato ao rock, uma fusão que ela conheceu por ali mesmo, nas ruas da Vila Formosa, onde cresceu e vive até hoje.

O ápice da apresentação se deu com “Vermelho”, produzida a partir de um refrão de “Mina de Vermelho”, do MC Daleste, morto em 2013 a tiros.

Gloria Groove, ou GG, como a cantora drag queen é conhecida pelo público, também tocou seus primeiros sucessos, caso de “Bumbum de Ouro”. A canção, de 2017, deu início ao seu processo de furar a bolha LGBTQIA+ para ganhar todos os pilares da cultura pop, inclusive a televisão aberta, em que a cantora venceu o “Show dos Famosos” em dezembro.

Nem todos do público, contudo, conseguiram ver e o ouvir toda a apresentação. O som baixo só era escutado completamente pelos que estavam nos primeiros 50 metros à frente do palco, o que correspondia a menos de um terço da plateia.

E o terreno íngreme da praça Brasil, onde o palco foi instalado, criou hordas com centenas de pessoas, uma atrapalhando a visão da outra. Algumas subiam no ombro do amigo para ver, outras escalavam as árvores e houve até quem desistisse de assistir ao show.

Fechando a noite no palco Parada Inglesa, na zona norte, Criolo começou o show com quase uma hora de atraso, período em que o públicou lançou gritos contra Bolsonaro.

Uma multidão aguardava o cantor, que iniciou a apresentação com “Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais”, ao lado de DJ DanDan, com quem cantou junto a maioria das canções.

Logo no início do show, Criolo engatou uma manifestação política, numa fala recheada de sarcasmo e contrária à própria organização da Virada. “Se você puder entrar no Instagram do padre [Júlio] Lancellotti, vai ser tão interessante”, disse, em referência às acusações do religioso contra a prefeitura paulistana.

Segundo Lancellotti, o órgão ofereceu uma marmita e R$ 60 para moradores em situação de rua trabalharem por 12 horas na montagem dos palcos do evento. Criolo repetiu a fala e pediu que a intérprete de Libras de seu show enfatizasse bem o recado. A prefeitura nega irregularidades.

A atmosfera política também esteve presente entre o público, que mais de uma vez fez gritos em coro de “ei, Bolsonaro, vai tomar no cu” e “olê, olê, olá, Lula, Lula”.

Lançado no início do mês, “Sobre Viver”, disco que marca o retorno de Criolo ao rap -após anos na cena MPB-, compôs a setlist, com canções como “Diário do Kaos”, “Aprendendo a Sobreviver”, “Moleques São Meninos, Crianças São Também” e “Quem Planta Amor Aqui Vai Morrer”.

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