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Economia

Juros caem com apetite a risco no exterior, IBC-Br e medianas de IPCA na Focus

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caiu de 12,87% no ajuste de sexta-feira para 12,84%

Redação Jornal de Brasília

17/10/2022 18h19

Foto: Reprodução

O mercado de juros doméstico também se favoreceu da melhora do apetite ao risco global, com taxas em queda. O recuo dos juros no exterior e a fraqueza generalizada do dólar abriram espaço para devolução de prêmios na curva, após as taxas terem avançado nas três últimas sessões, mas o volume hoje foi bastante reduzido. A agenda econômica, com as novas reduções de estimativas de IPCA na Pesquisa Focus e a queda do IBC-Br maior do que apontava a mediana das estimativas, também encorajou o ajuste.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caiu de 12,87% no ajuste de sexta-feira para 12,84% e a do DI para janeiro de 2025, de 11,78% para 11,64%. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,48%, de 11,62%.

O alívio generalizado nos mercados globais nesta segunda-feira deu vazão parcial ao acúmulo de prêmios nos DIs no fim da semana passada. Os balanços do setor financeiro nos Estados Unidos têm agradado, nesta segunda-feira com números do BofA, mas a principal notícia do dia foi o anúncio da reversão do pacote fiscal no Reino Unido. O governo britânico irá reverter quase todas as propostas de cortes de impostos, que tinham potencial para insuflar ainda mais a inflação no país. Com isso, a libra se fortaleceu ante o dólar e os juros dos gilts tiveram queda expressiva. Os juros dos Treasuries também cederam.

O operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio confirma que a melhora externa trouxe apetite ao risco também no Brasil, mas classifica a dinâmica nesta segunda-feira como ajuste técnico. “Não tem mudança estrutural de cenário. Até pela liquidez fraca, que acaba potencializando o efeito de movimentos pontuais”, disse.

Do mesmo modo, para o estrategista-chefe da Necton Investimentos, Felipe Beckel, pode não haver fôlego para levar a queda adiante, dadas as múltiplas frentes de preocupação. No fim de semana, a tensão geopolítica cresceu, com novos ataques da Rússia à Ucrânia e o governo da China pedindo a seus cidadãos que deixem o país do leste europeu. Ainda, o presidente Xi Jinping, em discurso no Congresso do partido comunista, deixou claro que a política de covid-zero será mantida. “Dificilmente veremos juros aqui mais para baixo do que já estão. E pra cima, tem bastante espaço”, disse Beckel.

No Brasil, o IBC-Br de agosto caiu 1,13% ante julho, bem mais do que apontava a mediana das estimativas (-0,30%) e veio perto do piso (-1,20%). Não mudou os cenários do mercado para o PIB nos próximos trimestres, mas confirmou a percepção de que o que tem segurado a economia é o setor de serviços. “Abre espaço para reduções (da Selic) no fim do primeiro ou começo do segundo trimestre”, afirmou Alírio, da Nova Futura.

A percepção sobre a política monetária pode ter alívio vindo também do comportamento das expectativas futuras, na medida em que as medianas de IPCA para o horizonte relevante na Pesquisa Focus continuam caindo. A projeção para 2023 recuou de 5,00% para 4,97%, ainda acima do teto de 4,75%, e a de 2024 passou de 3,47% para 3,43%, abaixo do teto de 4,50%, mas acima do centro de 3,00%

Estadão Conteúdo

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