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Economia

Haddad diz a Tarcísio que governo deve renegociar dívidas dos estados

Os termos da proposta serão levados na próxima semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governadores já passam sinais de ansiedade

Redação Jornal de Brasília

14/03/2024 6h38

Foto: Diogo Zacarias/ MF

ADRIANA FERNANDES – MATHEUS TEIXEIRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) antecipou ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que o governo deverá aceitar uma nova renegociação da dívida da União com os estados.

Os termos da proposta serão levados na próxima semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A ideia é apresentar o texto aos governadores do Sul e Sudeste -os maiores interessados no acordo- em reunião que deverá ser marcada também para a próxima semana, segundo informaram à reportagem auxiliares de Haddad a par das negociações.

O ministro se comprometeu a conversar com o presidente sobre a proposta que o Tesouro montou para enviar o projeto de lei complementar da renegociação ao Congresso ainda no primeiro semestre deste ano.

O sinal verde para a renegociação da dívida foi dado por Haddad em reunião nesta quarta-feira (13) com Tarcísio. Na saída do encontro, coube ao governador falar da decisão da equipe econômica.

“O ministro Haddad colocou que a ideia dele é fazer uma apresentação já na semana que vem para o presidente da República. A partir do ok, do aval do presidente, ele chamaria os estados então para conversar, para tentar fazer o acordo, ajustar o que tem que ajustar num período de 60 dias”, informou o governador paulista.

Procurada, a assessoria de Haddad confirmou a fala do governador. Os estados querem que o governo altere o indexador da dívida e já tinham pedido a renegociação desde o ano passado.

O pedido dos estados inclui a retirada do CAM (Coeficiente de Atualização Monetária), um indexador que utiliza o menor índice entre a variação acumulada do IPCA mais 4% ao ano com a variação acumulada da taxa Selic no mesmo período. A ideia é que, sem o CAM, os juros sejam fixados em 3% ao ano.

O estado de São Paulo é um dos maiores beneficiados porque tem uma dívida com a União de R$ 279 bilhões –o maior estoque entre os estados.
Tarcísio disse que o sistema atual de indexação torna a dívida impagável, sem que a arrecadação do estado possa acompanhar.

“A gente precisa de solução porque na maneira como está indexada, vamos ter um estoque crescente que não vai acompanhar o crescimento da economia e da arrecadação, se tornando impagável”, afirmou.

A demanda dos estados pela renegociação retornou neste início do ano e envolve também a renegociação do RRF (Regime de Recuperação Fiscal) criado para socorrer os estados mais endividados, entre eles, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais. O plano de recuperação fiscal do governo de Minas Gerais para o RRF ainda não foi homologado pelo governo federal. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é uma dos principais patrocinador das mudanças no RRF.

Uma das propostas é aumentar de 9 para 12 anos o prazo em que o estado pode ficar dentro do regime, criado para sanar as finanças dos entes superendividados. Assim, a retomada dos pagamentos da dívida com a União será feita de forma ainda mais gradual. Há outras flexibilizações. As medidas de ajuste obrigatórias caem de 8 para 6, com a exclusão da alienação de ativos (como empresas estatais) e do corte de ao menos 20% nos incentivos fiscais.

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