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Economia

Gastos sociais e desaceleração global reforçam cautela do BC sobre juros

Políticas temporárias de apoio à renda no ambiente doméstico e desaceleração da atividade global mais pronunciada em um cenário de inflação

FolhaPress

09/08/2022 10h01

Foto: Reprodução

Nathalia Garcia
Brasília, DF

Políticas temporárias de apoio à renda no ambiente doméstico e desaceleração da atividade global mais pronunciada em um cenário de inflação pressionada reforçam cautela do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central sobre juros, conforme ata divulgada nesta terça (9).

“O prolongamento de tais políticas pode elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação à medida que pressionam a demanda agregada e pioram a trajetória fiscal”, afirmou.

No documento, o colegiado ressaltou que a política fiscal pode afetar a inflação por meio de vários canais, incluindo seu efeito sobre a atividade, preços de ativos e expectativas de inflação.

Nesta terça, o governo Jair Bolsonaro (PL) iniciou o pagamento de benefícios sociais turbinados à população. Na corrida ao Planalto, tanto o atual chefe do Executivo quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já prometeram que, se eleitos, manterão o Auxílio Brasil em R$ 600 em 2023.

Na última quarta (3),o Copom repetiu a dose de 0,5 ponto percentual, elevando a Selic a 13,75% ao ano, e deixou a porta aberta para um possível ajuste residual na próxima reunião, em setembro. Na ata, o comitê repetiu que avaliará a necessidade de uma nova alta de menor magnitude, ou seja, de 0,25 ponto.

“Além disso, dada a persistência dos choques recentes, o Comitê seguirá vigilante e avaliará se somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo assegurará tal convergência”, afirmou.

Considerando a defasagem dos efeitos da política monetária na economia, o colegiado tomou sua decisão sobre os juros olhando para o objetivo de 2023 e, em menor grau, de 2024 -fixados pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em 3,25% e 3%, respectivamente, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Com o 12º aumento consecutivo, a taxa básica atingiu o patamar mais alto desde o fim de 2016. De outubro a novembro daquele ano, ainda durante o governo Michel Temer (MDB), a Selic estava fixada em 14% ao ano.

Desde o primeiro movimento, quando partiu de seu piso histórico (2% ao ano) em março de 2021, o ciclo de aperto acumula elevação de 11,75 pontos percentuais. O atual choque de juros já é o mais longo da série histórica e o mais intenso desde a adoção do regime de metas para inflação, em 1999.

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