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Economia

Em meio à Reforma Tributária, investidor busca mais opções isentas

Além do benefício tributário, a ampliação da oferta de produtos isentos pelos bancos também favoreceu a demanda pela categoria

Redação Jornal de Brasília

07/08/2023 17h14

LUCAS BOMBANA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Em meio às discussões no governo sobre a tributação de investimentos na Reforma Tributária, a alocação em produtos de renda fixa vem crescendo nos últimos meses entre brasileiros com elevado patrimônio, que têm demonstrado mais apetite por opções isentas do IR (Imposto de Renda).

Dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) divulgados nesta segunda-feira (7) mostram que, considerados os segmentos private (investimentos acima de R$ 3 milhões) e varejo, as aplicações com isenção tributária atingiram R$ 976,7 bilhões em junho, alta de 22% em relação ao fechamento de 2022, a maior variação percentual entre as principais opções consideradas pelo levantamento.

São exemplos de aplicações isentas CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRAs (do agronegócio), LCAs (Letras de Crédito Agrícola) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário).

Já a alocação em CDBs subiu 11,8%, para R$ 796,5 bilhões, enquanto em ações o crescimento foi de 8,7%, para R$ 668,1 bilhões. Na média, a alta foi de 15%.

Além do benefício tributário, a ampliação da oferta de produtos isentos pelos bancos também favoreceu a demanda pela categoria, afirmou Ademir Correa Júnior, presidente do fórum de distribuição da Anbima.

No entanto, a despeito das discussões em torno da Reforma Tributária, com possíveis tributações sobre aplicações como dividendos e fundos exclusivos, o executivo da Anbima não espera que haja um aumento dos isentos nas carteiras.

Para o segundo semestre, a expectativa é ter uma queda na alocação dos investidores em instrumentos isentos, não por esfriamento da demanda, mas por escassez de ativos imobiliários e agrícolas que possam servir como lastro para as operações.

O executivo da Anbima disse ainda que o aumento da fatia em ações no semestre sinaliza o apetite crescente dos investidores pelo posicionamento em Bolsa conforme os juros começam a cair.

Na semana passada, o BC (Banco Central) cortou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano. No Focus, as projeções indicam a taxa de juros em 11,75% ao ano em dezembro.

Os números da Anbima mostram que o segmento de varejo e de alta renda alcançou um volume financeiro de R$ 5,37 trilhões em junho, alta de 7,3% ante o fim de 2022.

Por região, o Centro-Oeste foi a que teve a maior expansão da base de recursos dos investidores de varejo e private, de 9,4%, na comparação com dezembro, para R$ 281,6 bilhões.
Correa Júnior disse que o protagonismo do agronegócio para a economia brasileira influenciou para este desempenho.

O Sudeste lidera com folga o nível de alocação dos investidores, com R$ 3,6 trilhões, ou cerca de 67% do total. O crescimento na região foi de 7,4%.

Entre dezembro de 2020, quando a taxa alcançou a mínima histórica de 2% ao ano, até junho de 2023, quando estava em 13,75%, a fatia de alocação dos clientes do segmento private dos bancos na renda fixa passou de 23,7% para 33,9%. No mesmo intervalo, a participação na renda variável caiu de 38,6% para 34,1%.

Os dados mostram que a busca por renda fixa foi mais forte entre os investidores mais endinheirados -entre o público de varejo, a fatia em renda fixa entre o fim de 2020 até o encerramento do primeiro semestre de 2023 ficou praticamente estável, passando de 78,7% para 78,6%. A alocação em renda variável diminuiu de 10,5% para 9,4%.

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