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Economia

Dólar salta a R$ 5,1130 com mercado temendo descontrole da inflação global

No Brasil, o dólar teve forte valorização de 2,48% e subiu a R$ 5,1130, a maior cotação da moeda americana desde 12 de maio

FolhaPress

13/06/2022 19h04

banco

Foto: Yuriko Nakao

Clayton Castelani
São Paulo, SP

Investidores negociaram nesta segunda-feira (13) sob o temor de que o descontrole da inflação global leve as principais potências econômicas à recessão.

No Brasil, o dólar teve forte valorização de 2,48% e subiu a R$ 5,1130, a maior cotação da moeda americana desde 12 de maio.

O índice Ibovespa, referência para a Bolsa de Valores brasileira, afundou 2,73%, a 102.598 pontos.
Entre as companhias com maior volume de negociações no país, merecem destaque os tombos da Eletrobras (-2,20%), da Vale (-3,17%), da Petrobras (-1,28%) e do Itaú (-1,20%).

Os resultados domésticos refletiram o dia negativo no exterior. Na Bolsa de Nova York, o indicador de referência S&P 500 mergulhou 3,88%.

Outros dois índices importantes do mercado dos Estados Unidos, o Dow Jones (que acompanha 30 empresas de grande valor) e o Nasdaq (focado em companhias médias do setor de tecnologia) desabaram 2,79% e 4,68%, respectivamente.

O mercado financeiro mundial permanece abalado por dados recentes da inflação americana, cuja alta acima do previsto revelada na última sexta-feira (10) poderá influenciar autoridades monetárias em todo o mundo a acelerar ainda mais suas respectivas taxas de juros.

Essa situação, em linhas gerais, tende a valorizar moedas fortes, sobretudo o dólar, e tirar investimentos de ações de empresas negociadas nas Bolsas.

Na próxima quarta-feira (15), o Fomc (comitê de política monetária) do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) concluirá sua reunião de dois dias e informará a sua decisão sobre o ritmo de aumento dos juros no país.

Na mesma data, o Copom, comitê responsável por formular a política monetária do Banco Central do Brasil, também apresentará sua decisão sobre a taxa básica de juros do país, a Selic.

O aperto monetário -o que significa tornar o crédito mais caro para, assim, esfriar o consumo e desacelerar a inflação- nos Estados Unidos também aumenta o rendimento dos títulos do Tesouro americano, considerado o investimento mais seguro do planeta.

Isso leva investidores a diminuírem suas aplicações em mercados mais arriscados, como as Bolsas de Valores.

É um momento em que o mercado quer tirar proveito da renda fixa mais atrativa nos EUA.
Esse aumento do fluxo de dólares em direção aos títulos soberanos nos Estados Unidos torna a moeda mais escassa e cara, provocando uma reação em cadeia no mundo dos negócios.

Em países de economia emergente, como o Brasil, a alta do dólar eleva custos de importação e faz disparar a inflação.

Bancos Centrais são forçados a elevar juros para convencer investidores de que o retorno oferecido por seus títulos soberanos compensa o risco que eles correm ao não levarem seus dólares para os EUA.

O principal problema desse movimento é a falta de liquidez no mercado, uma vez que investidores passam a ter a chance de obter ganhos confortáveis com juros altos pagos pela renda fixa em todo o mundo.

O dinheiro que sai das Bolsas faz falta para as empresas, pois elas perdem capital com a queda das suas ações e deixam de crescer e gerar empregos.

“O grande problema é que aumentou a percepção [dos investidores] de que o Fed está atrasado em sua normalização da política monetária, uma vez que a inflação está saindo do seu controle”, comentou Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama.

Mas a crise atual é ainda mais difícil de se enfrentar porque o aperto ao crédito não é o único remédio capaz de frear a inflação.

Ainda como consequência das paralisações de atividades provocadas pela pandemia de Covid, o mundo enfrenta a falta de bens e insumos.

A alta de preços, portanto, precisaria também ser combatida com o aumento da oferta. Mas há ao menos dois grandes impedimentos para a normalização da comercialização global de mercadorias.

Em primeiro lugar, a China, que concentra boa parte da produção de bens industrializados do mundo, mantém severas restrições ao funcionamento de empresas para tentar conter as infecções pelo coronavírus.

Além disso, a guerra na Ucrânia reduziu a oferta de petróleo e fez o preço da matéria-prima disparar, uma vez que a produção russa foi banida dos Estados Unidos e de parte da Europa.

Também devido ao conflito, a produção de grãos da Ucrânia enfrenta obstáculos para ser escoada, colaborando com o aumento global dos preços dos alimentos.

Além das Bolsas, outros investimentos considerados arriscados sofrem perdas quando há no mercado a percepção de um ambiente menos favorável para a chamada renda variável.

Nesta segunda, o bitcoin caiu ao menor nível em 18 meses, fechando o dia abaixo dos US$ 23 mil ( cerca de R$ 117 mil).

Bolsa brasileira acumula seis quedas semanais

Na última sexta-feira, os principais mercados de ações globais registraram forte baixa após a divulgação de preços ao consumidor nos Estados Unidos.

O dia negativo ainda foi reforçado pela retomada de restrições para contenção da Covid na China, ampliando o temor de investidores de que os juros das principais economias globais continuarão subindo em um esforço para frear a inflação mundial.

Em queda durante toda a sessão, o índice de referência da Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa, cedeu 1,51%, a 105.481 pontos, na sexta baixa seguida.

Na semana, o índice teve perdas de 5%, a maior queda para o período desde outubro do ano passado.

Entre os destaques negativos do mercado doméstico, as ações ordinárias da Eletrobras desabaram 4,74%, valendo R$ 41,00, um dia após a companhia ter fixado em R$ 42 o preço do papel em uma oferta pública que resultou na sua privatização, movimentando R$ 29,29 bilhões.

Os principais índices americanos registraram seus maiores declínios percentuais semanais desde a semana encerrada em 21 de janeiro.

O Dow Jones recuou 4,58%, o S&P 500 desvalorizou 5,06% e o Nasdaq teve baixa de 5,60% na semana.

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