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Economia

Bolsa cai seguindo exterior após rebaixamento dos EUA pela Fitch; dólar sobe

O dólar tinha alta tanto no Brasil quanto no exterior, no que operadores atribuíram a um aumento na demanda por segurança

Redação Jornal de Brasília

02/08/2023 16h05

Foto: Divulgação

São Paulo, SP (Folhapress)

A Bolsa brasileira registrava mais um dia de queda nesta quarta-feira (2) puxada por ações de Petrobras, Vale e Cielo, enquanto o mercado aguarda a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a Selic (taxa básica de juros), que deve ser divulgada no fim da tarde.

O cenário global de aversão ao risco, após a agência de classificação Fitch ter rebaixado a nota de crédito do governo dos Estados Unidos, reforçava o tom negativo na Bolsa do Brasil.

Já o dólar tinha alta tanto no Brasil quanto no exterior, no que operadores atribuíram a um aumento na demanda por segurança. Embora a nota de crédito dos EUA tenha sido rebaixada, a moeda norte-americana segue sendo um ativo considerado extremamente seguro.

Às 12h45, o Ibovespa caía 0,70%, aos 120.397 pontos, enquanto o dólar avançava 0,46%, a R$ 4,811.
No Brasil, a expectativa é que o Copom inicie nesta quarta um ciclo de corte de juros, mas ainda há dúvidas sobre a magnitude da redução, com boa parte do mercado projetando queda de 0,50 ponto percentual na Selic nesta reunião. A maioria dos analistas, porém, prevê um corte de 0,25 ponto.

Nos mercados futuros, as curvas mais curtas tinham leve alta. Os contratos para 2024 saíam de 12,60% para 12,64%, enquanto os para 2025 saíam de 10,64% para 10,68%.

Já os contratos de prazos maiores apresentavam queda: os juros para 2026 caíam de 10,09% para 10,07%, enquanto os para 2027 saíam de 10,15% para 10,11%.

O economista Beto Saadia, da Nomos, diz que as quedas nas curvas mais longas se dá tanto por influência dos Estados Unidos quanto pela expectativa de corte da Selic nesta quarta.

“Temos uma expectativa de que os EUA não subam tanto os juros na economia americana, e isso dá mais espaço para redução também no Brasil. Uma queda de 0,25 ou 0,50 [na reunião desta quarta] não faz tanta diferença agora, mas dá mais espaço para quedas mais acentuadas nos próximos dois ou três anos.

Por isso, os juros futuros, especialmente os mais longos, estão cedendo”, afirma Saadia
O início da redução de juros apoiaria empresas da Bolsa brasileira, e as projeções sobre a Selic nesta semana chegaram a impulsionar o desempenho do Ibovespa em sessões recentes. O pessimismo no exterior, porém, pesa contra a renda variável e ofusca o otimismo sobre a Selic na sessão desta quarta.

Além disso, analistas também apontam um movimento de realização de lucros, ou seja, quando investidores vendem papéis que tiveram alta valorização em pregões recentes para efetivar os ganhos, como um dos fatores que puxam a Bolsa.

As perdas do Ibovespa eram lideradas pela Cielo, que caía 7,44% após a divulgação de seu balanço corporativo do segundo trimestre. A companhia registrou alta de 11,5% no lucro, mas analistas do Itaú BBA consideraram o resultado do período fraco e disseram que os números aumentam preocupações sobre a empresa.

Aprofundam a queda do índice as ações da Petrobras, que recuavam 1,89%, e da Vale, com perda de 1,24%, ambas impactadas pelo declínio das commodities no exterior.

Nos Estados Unidos, os principais índices de ações operavam em baixa, também afetados pelo rebaixamento da Fitch. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq caíam 1,22%, 0,61% e 1,95%, respectivamente.

A agência de classificação de risco anunciou na terça que rebaixou a nota de crédito de longo prazo dos EUA de AAA para AA+, citando uma esperada deterioração fiscal nos próximos três anos, bem como uma alta e crescente carga geral da dívida do governo.

O rebaixamento chega na esteira de um acordo sobre o teto da dívida do país realizado em junho, que veio depois de meses de negociações políticas difíceis. O teto de dívida foi elevado de US$ 31,4 trilhões.

“Na visão da Fitch, houve uma deterioração constante nos padrões de governança nos últimos 20 anos, inclusive em questões fiscais e de dívida, apesar do acordo bipartidário de junho para suspender o limite da dívida até janeiro de 2025”, disse a agência de recomendação em comunicado.

O dólar, porém, mostrava força na sessão desta quarta, especialmente após dados que mostraram um aumento maior do que o esperado na criação de vagas no setor privado do país em julho.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, subia 0,32%.

No Brasil, a divisa americana chegou a atingir os R$ 4,82 na máxima do dia, mas desacelerou os ganhos e seguia negociada na casa dos R$ 4,81 no início da tarde.

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