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Economia

Bancos esperam maior demanda por crédito no agro, apesar de alta de juro

A Selic, hoje em 11,75% ao ano, deve chegar a 13% no fim do ano, segundo economistas

Redação Jornal de Brasília

04/04/2022 5h40

Foto: Divulgação CNA

Mesmo com a taxa básica de juros (Selic) nove pontos porcentuais mais alta do que há um ano, os principais bancos privados com atuação em agro apostam na demanda aquecida este ano, a ser suprida justamente por linhas com taxas de mercado, que superam as controladas do Plano Safra. A Selic, hoje em 11,75% ao ano, deve chegar a 13% no fim do ano, segundo economistas. O Bradesco, que fechou 2021 com carteira agro de R$ 40,9 bilhões, estima crescer de 10% a 15%, diz Roberto França, diretor de Agronegócios. Carlos Aguiar, do Santander, conta que a expectativa é ampliar em 20% o bolo de R$ 27 bilhões de 2021. Pedro Fernandes, do Itaú BBA – cuja carteira é 90% atendida por linhas de mercado – prevê 20% mais, ou até R$ 72 bilhões.

Mais dinheiro para repetir o resultado

Diferente do ocorrido em 2021, quando produtores tomaram crédito para expandir produção e maquinários, agora eles buscarão dinheiro para cobrir a alta dos custos na safra 2022/23. “Vão precisar de mais recursos para fazer o mesmo do ciclo anterior”, avalia Aguiar.

LCA pode ganhar mais relevância

Os executivos notam maior procura de correntistas por LCAs, papel com remuneração influenciada pela Selic e de cuja captação 35% devem ser emprestados ao agro com taxas livres. Parte do aumento das carteiras deve vir do título, mas o valor pode ser maior se o governo revisar regras de concessão ao setor, diz Aguiar.

REAÇÃO

A Predilecta Alimentos espera faturar até 8% mais neste ano em relação a 2021 com a reação esperada do food service, que representa de 25% a 28% da receita. Mais eventos presenciais estão sendo realizados, e o canal tende a se recuperar mais rápido do que as vendas para o consumidor final.

MANDA PRA CÁ.

Bruno Trevizaneli, diretor agrícola da Predilecta, diz que a empresa prevê processar até 18% mais tomate, milho doce, ervilha e goiaba nas cinco fábricas no País. Entretanto, estimular produtores a manterem o fornecimento desses produtos em momento de forte alta dos grãos é um desafio, reconhece. “Tentamos, por meio do fornecimento de insumos e orientação técnica, convencê-los a não ficar só em soja e milho.”

PARA DENTRO

O Essere Group, que faturou R$ 352 milhões em 2021 com as empresas Bionat, de defensivos biológicos, Floema, de logística, e Kimberlit e Loyder, de fertilizantes, acaba de comprar a mineira Ruralvit Biotech, de Uberaba. O valor da operação não foi informado. A Ruralvit possui tecnologia à base de vírus para controle da lagarta-do-cartucho, que causa prejuízos a cerca de cem culturas agrícolas, e já fornecia 95% de sua produção para a Bionat, conta Antonio Carlos de Gissi Jr., CEO do grupo.

PREPARATIVOS

Ainda em 2022, o Essere Group pretende modernizar e automatizar a fábrica da Ruralvit para triplicar sua capacidade de produção, de 700 para 2,5 mil quilos por mês. Gissi Jr. aposta na crescente demanda dos produtores por biodefensivos para combater a lagarta-do-cartucho. Hoje, essas soluções representam 15% de todos os defensivos vendidos contra a praga; em quatro anos, podem chegar a 50%, estima o executivo. O grupo prevê faturar R$ 700 milhões em 2022, o dobro do ano passado.

MAR TRANQUILO

Após a falta de contêineres no ano passado, o transporte marítimo para exportar café já melhorou, afirma à Coluna Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé). “Esperamos que continue assim, porque ainda há café retido que já foi comprado”, acrescenta. A cooperativa espera aumentar as exportações este ano para 5,9 milhões de sacas de 60 kg, ante 4,9 milhões em 2021.

Estadão Conteúdo

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