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Economia

Apesar de cenário internacional mais desafiador, BC deve manter cortes de juros de 0,5 ponto, diz Galípolo

Para Galípolo, contudo, a piora no ambiente externo é compensada por uma conjuntura doméstica mais favorável

Redação Jornal de Brasília

09/10/2023 11h52

Foto: Agência Brasil

NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (9) ver um cenário internacional mais desafiador, citando os novos impactos provocados pelo conflito entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas.

Para Galípolo, contudo, a piora no ambiente externo é compensada por uma conjuntura doméstica mais favorável. Segundo ele, o BC deve manter o ritmo de cortes de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic) nas próximas reuniões.

“Mesmo com um cenário internacional mais desafiador, a gente entende que o passo de corte de 0,5 ponto na taxa de juros brasileira permite simultaneamente ajustar o nível de contração política monetária se encontra […] e ir observando esses fenômenos domésticos e internacionais para a gente ter tempo de depurar e entender o que está acontecendo na economia”, afirmou.

As declarações de Galípolo foram dadas em uma reunião do Conselho Empresarial de Economia da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

“A gente tem um cenário agora mais desafiador do ponto de vista internacional nesse segundo semestre, com desafios novos que vão surgindo, inclusive como conflitos que surgiram ao longo desse final de semana e com uma série de impactos para questões de preços internacionais”, disse.

Os preços do petróleo subiram 4% nesta segunda, enquanto a Bolsa brasileira abriu em queda, com o conflito entre Hamas e Israel no Oriente Médio aumentando a aversão ao risco em todo o mundo.

“Então, temos um cenário mais desafiador do ponto de vista internacional. Mas que é compensado, se a gente quiser olhar o lado positivo, por um cenário mais benigno do ponto de vista doméstico”, continuou.

O diretor do BC ressaltou que o Brasil teve surpresas positivas tanto no crescimento econômico quanto na inflação, destacando o comportamento mais benigno da variação de preços nos últimos meses.

Para este ano, o BC revisou para cima sua projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) e agora espera um avanço de 2,9%. A última estimativa, divulgada em junho, era de alta de 2%.

Em 12 meses, a inflação acumulada atingiu 4,61% até agosto, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na prévia de setembro, houve aceleração puxada pela alta da gasolina, apesar da queda nos preços dos alimentos. Na quarta-feira (11), será divulgado o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

“Ou seja, ao olhar o comportamento da moeda brasileira, o comportamento das taxas de juros mais longas brasileiras, a gente consegue perceber que aquilo está bastante correlacionado com o movimento internacional, e que ela se comporta em conjunto com seus pares, outros países emergentes.”

No mês passado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC reduziu a Selic de 13,25% para 12,75% ao ano -foi o segundo corte consecutivo na mesma intensidade, que levou os juros ao menor nível desde maio de 2022. O colegiado volta a se reunir nos dias 31 de outubro e 1º de novembro.

Em sua comunicação, o BC tem usado palavras como “serenidade” e “parcimônia”. Segundo Galípolo, essa linguagem é sinal de “humildade” diante da dificuldade enfrentada pelos economistas para prever cenários em função das mudanças provocadas pela pandemia de Covid-19 e pela guerra entre Ucrânia e Rússia, que teve início em fevereiro de 2022.

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