Bárbara Fragoso
Especial para o Jornal de Brasília
Familiares, amigos e vizinhos lotaram a capela do cemitério de Planaltina para se despedir de Lucas Alves da Luz, 15 anos. O jovem foi assassinado na noite da última quarta-feira, durante um protesto contra o aumento da gasolina, em um posto do Jardim Roriz.
Camisetas com a foto do jovem demonstravam carinho e tristeza nos passos a caminho do túmulo. “O sentimento é de tristeza e revolta. O pai e a mãe dele estão em choque. A gente não esperava por isso”, comenta o tio Antônio Sérgio Mendes, 50 anos. Lucas tinha passado a tarde na casa dele. “Saiu dizendo aos primos para não lanchar porque ia comprar sanduíche para eles. E não voltou mais”, lamenta.
Testemunhas contaram que um colega de Lucas teria solicitado ao frentista Wemerson Feitosa, 26, que abastecesse o carro com R$ 0,50 de gasolina. O funcionário teria entendido R$ 50 e se recusado a retirar a sobra. Logo, provocou uma discussão. O funcionário teria buscado uma arma, guardada em um quarto do posto, e baleado o garoto. O jovem morreu na hora.
“A imagem que tenho do meu sobrinho é com alegria estampada no rosto. Era uma criança brincalhona e tranquila. Não usava drogas e gostava de soltar pipa”, lembra Antônio. Segundo ele, o plano de Carnaval da família era passar o feriado na fazenda. “Ele estava todo animado, contando os dias para o feriado, porque ia andar de cavalo”, lembra.
Desolado, o amigo de escola Iago dos Santos, 18 anos, não se conforma com a tragédia. “Lucas era uma pessoa muito boa, um amigo que não arranjava confusão com ninguém”, destaca. A lembrança que tem do colega é de risadas por onde passava. “É uma perda muito grande. Dói no coração pensar que não irei mais vê-lo”, relata.