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Brasil

‘Superfungo’ preocupa, mas não é o caso de “fechar as fronteiras”, diz infectologista

Anvisa publicou alerta para o possível primeiro caso de paciente doente por conta do Candida auris, fungo resistente a medicamentos que pode ser fatal

Willian Matos

09/12/2020 10h46

Computer illustration of the unicellular fungus (yeast) Candida auris. C. auris was first identified in 2009. It causes serious multidrug-resistant infections in hospitalized patients and has high mortality rates. It causes bloodstream, wound and ear infections and has also been isolated from respiratory and urine specimens. Most C. auris infections are treatable with antifungals from the echinocandin group of drugs.

Na segunda-feira (7), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou um alerta para o possível primeiro paciente acometido pelo Candida auris no Brasil. A notificação, trazida pelo Jornal de Brasília na terça (8), preocupa médicos, sobretudo infectologistas.

Médicos identificaram o fungo em um paciente adulto, internado em UTI em um hospital no estado da Bahia, na última sexta-feira (4). Uma amostra de ponta de cateter foi colhida e enviada a laboratórios da Bahia e de São Paulo.

No entanto, para o médico infectologista Alessandro Comarú Pasqualotto, professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), o fungo, embora preocupe, não deve causar danos como a covid-19, por exemplo.

“Embora ela seja muito resistente e preocupante, não sei se a Candida auris vai chegar ao ponto de infectar muita gente”, explicou, em entrevista à BBC. “Em termos globais, ainda são poucos os casos. Não é porque temos a suspeita de um caso no Brasil que temos que fechar as fronteiras”, prosseguiu.

Contudo, Pasqualotto não nega que o caso mereça atenção. “Dada a sua resistência, existe sim um alerta, porque (o fungo) pode causar surtos em pequenos núcleos, como no ambiente hospitalar.”

O que é o Candida auris?

É um tipo de fungo resiste a medicamentos que pode ser fatal se contaminar a corrente sanguínea, sobretudo para pessoas com comorbidades. Foi identificado pela primeira vez em 2019, no canal auditivo de um paciente na Coreia do Sul.

Classificado por médicos e cientistas como um “superfungo”, o Candida auris começou a surgir anos depois em outros países, como Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Índia, África do Sul, Colômbia e Venezuela.

O Candida auris pode ser confundido com outras espécies de leveduras, como a que causa a candidíase, por exemplo. Como é de difícil identificação, pode causar surtos. Além disso, o fungo é resistente a vários desinfetantes, inclusive os que são à base de quaternário de amônio, e pode permanecer em um ambiente por meses.

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