Na segunda-feira (7), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou um alerta para o possível primeiro paciente acometido pelo Candida auris no Brasil. A notificação, trazida pelo Jornal de Brasília na terça (8), preocupa médicos, sobretudo infectologistas.
Médicos identificaram o fungo em um paciente adulto, internado em UTI em um hospital no estado da Bahia, na última sexta-feira (4). Uma amostra de ponta de cateter foi colhida e enviada a laboratórios da Bahia e de São Paulo.
No entanto, para o médico infectologista Alessandro Comarú Pasqualotto, professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), o fungo, embora preocupe, não deve causar danos como a covid-19, por exemplo.
“Embora ela seja muito resistente e preocupante, não sei se a Candida auris vai chegar ao ponto de infectar muita gente”, explicou, em entrevista à BBC. “Em termos globais, ainda são poucos os casos. Não é porque temos a suspeita de um caso no Brasil que temos que fechar as fronteiras”, prosseguiu.
Contudo, Pasqualotto não nega que o caso mereça atenção. “Dada a sua resistência, existe sim um alerta, porque (o fungo) pode causar surtos em pequenos núcleos, como no ambiente hospitalar.”
O que é o Candida auris?
É um tipo de fungo resiste a medicamentos que pode ser fatal se contaminar a corrente sanguínea, sobretudo para pessoas com comorbidades. Foi identificado pela primeira vez em 2019, no canal auditivo de um paciente na Coreia do Sul.
Classificado por médicos e cientistas como um “superfungo”, o Candida auris começou a surgir anos depois em outros países, como Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Índia, África do Sul, Colômbia e Venezuela.
O Candida auris pode ser confundido com outras espécies de leveduras, como a que causa a candidíase, por exemplo. Como é de difícil identificação, pode causar surtos. Além disso, o fungo é resistente a vários desinfetantes, inclusive os que são à base de quaternário de amônio, e pode permanecer em um ambiente por meses.