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Brasil

Saúde diz que receberá apenas 30% das doses do Butantan previstas para fevereiro

O Instituto Butantan rebateu na noite desta quinta-feira, 18, a informação divulgada pelo Ministério da Saúde

Redação Jornal de Brasília

18/02/2021 21h30

Atualizada 19/02/2021 8h59

O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira, 18, que receberá apenas 30% das doses da vacina Coronavac previstas para serem entregues pelo Instituto Butantan em fevereiro. A expectativa do governo era receber 9,3 milhões de doses do imunizante neste mês. A Pasta foi informada, por meio de ofício, que receberá apenas 2,7 milhões de doses do esperado.

“Até o início desta tarde, nós tínhamos a previsão de 9,3 milhões de doses de vacinas a serem fornecidas pelo Instituto Butantan. Infelizmente, recebemos a notícia de que eles vão nos entregar apenas 30% dessas doses. Serão apenas 2,7 milhões”, afirma o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, em vídeo distribuído pela assessoria de imprensa da Pasta. Procurado, o governo de São Paulo, ao qual o Butantan está vinculado, ainda não se manifestou.

A notícia chega no momento em que o governo federal tem sido pressionado pela escassez de doses de vacinas, com governadores cobrando agilidade do ministério na compra de vacinas. Nesta quarta-feira, o ministro Eduardo Pazuello esteve reunido com governadores e apresentou um cronograma que prevê a entrega até mesmo de vacinas que ainda não foram contratadas, como a Sputnik, Covaxin e Moderna.

Franco afirma que, diante da remessa menor de doses a serem entregues pelo Butantan neste mês, será preciso rever os grupos prioritários e definir quem poderá ser imunizado, refazendo o planejamento. Será revista a distribuição das doses do imunizante relativas a fevereiro, que já havia sido divulgada aos secretários de Saúde dos Estados e do Distrito Federal.

“A redução no número de vacinas quebra a expectativa do Ministério da Saúde de cumprir o cronograma divulgado ontem (17/02) pelo ministro Eduardo Pazuello em reunião com o chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, General Luiz Eduardo Ramos, a presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, e governadores”, diz em nota o ministério da Saúde.

“Fica muito difícil planejar sem nós termos confirmação do que vamos receber. Tudo previsto em contrato. Por isso continuamos buscando, para mitigar situações como esta, contratos com outras empresas”, completa o secretário-executivo da Pasta.

O ministério destaca ainda que o cronograma enviado aos gestores estaduais nesta quinta-feira previa a inclusão de novos grupos prioritários na campanha de vacinação contra a covid-19, como povos e comunidades tradicionais ribeirinhas, quilombolas, pessoas de 80 a 89 anos e pessoas de 60 a 79 anos, o que deve ser revisto.

“Neste momento, o Ministério da Saúde segue com as tratativas junto aos outros 6 fornecedores visando ampliar a quantidade de vacinas disponíveis a população”, diz a nota.

Amanhã, Pazuello tem reunião virtual marcada com a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP). O encontro deve ser marcado novamente por um tom de cobrança sobre a falta de doses de vacina, que já provocou a suspensão da imunização em várias capitais do País.

Butantan reage

O Instituto Butantan rebateu na noite desta quinta-feira, 18, a informação divulgada pelo Ministério da Saúde de que haverá dificuldade em manter o cronograma inicial de vacinação contra a covid-19 pelo fato de o órgão entregar apenas 30% das doses contratadas para fevereiro. “O Ministério da Saúde omite e ignora fatos em seu comunicado oficial. Deixa de informar que, como é de conhecimento público, o desgaste diplomático causado pelo governo brasileiro em relação à China provocou atrasos no envio da matéria-prima necessária para a produção da vacina”, afirma o Instituto por meio de nota, destacando que não houve qualquer empenho da União na liberação dos insumos junto ao governo chinês. “A autorização para envio da matéria-prima só ocorreu após intervenções feitas pelo Governo de São Paulo.”

“É inacreditável que o Ministério da Saúde queira atribuir ao Butantan a responsabilidade pela sua completa falta de planejamento, que acarretou a falta de vacinas para a população em diversos municípios do País”, diz o Instituto do governo do Estado de São Paulo.

O Butantan afirma que, com todas as dificuldades, 9 em cada 10 vacinas contra o coronavírus usadas atualmente na rede pública são da Coronavac. Segundo o órgão, já foram entregues 9,8 milhões de doses da vacina ao Ministério da Saúde, o que corresponde a 90% de todas as vacinas usadas no País.

“O Butantan tem pressa em fornecer vacinas para a população brasileira. Tanto que criou uma força-tarefa para acelerar a entrega de doses para todo o País, com a duplicação do número de funcionários do setor de envase de 150 para 300 profissionais. Apesar da completa ausência de planejamento do governo federal em relação à vacinação no Brasil e da falta de empenho da diplomacia brasileira que culminou com o atraso na liberação de insumos, o instituto trabalha diuturnamente para viabilizar novas entregas de doses ao PNI (Plano Nacional de Imunização)”, diz a nota do instituto.

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