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Brasil

Saiba tudo sobre o furto das armas no Arsenal de Guerra do Exército

Os militares tiveram de ser aquartelados durante alguns dias para facilitar a investigação, que se aproxima do final

Redação Jornal de Brasília

19/10/2023 20h20

Foto: Exército Brasileiro/Divulgação

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Desde o último dia 10, o Exército Brasileiro está mobilizado após notar que 21 armas tinham desaparecido do Arsenal de Guerra em Barueri, na região metropolitana de São Paulo. Até agora, oito delas foram encontradas no Rio de Janeiro.

Os militares tiveram de ser aquartelados durante alguns dias para facilitar a investigação, que se aproxima do final. Confira abaixo o que se sabe sobre o episódio.

QUAIS SÃO AS ARMAS QUE DESAPARECERAM?

Os armamentos que sumiram do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri (SP), são 13 metralhadoras de calibre .50 (antiaéreas) e oito fuzis de calibre 7,62. O Exército afirma que as armas furtadas estavam “inservíveis” e se encontravam no depósito de Barueri para passar por manutenção.

QUAL O PODER DE FOGO DO ARMAMENTO?

Em pleno funcionamento, as metralhadoras .50 são capazes de derrubar helicópteros e até furar a blindagem de tanques. Elas atiram até 550 projéteis por minutos e têm alcance de dois quilômetros.

Já os fuzis são visados para roubos a carro-forte, em ações diretas de combate terrestre. Possui um carregador com 20 cartuchos e pode ser disparado com tiro único ou como uma rajada de metralhadora.

QUANDO O SUMIÇO DAS ARMAS FOI DESCOBERTO?

O sumiço das 21 armas foi notado por militares do Arsenal de Guerra no último dia 10, quando era realizada uma inspeção. Esse tipo de controle não é feito periodicamente na unidade militar e, segundo relatos à reportagem, só é realizado quando alguém precisa destrancar o armário em que as armas ficam guardadas para pegar parte do armamento.

Após abrir a reserva, o militar é obrigado a contar quantas armas permanecem guardadas, trancadas em cabides, e anotar os números em um arquivo interno da Força. Quando o militar que fazia a contagem percebeu o sumiço das metralhadoras, informou ao superior hierárquico e então foi aberto o inquérito.

POR QUE OS MILITARES FORAM AQUARTELADOS?

A primeira decisão do Exército foi manter aquartelados os soldados e oficiais que integram o Arsenal de Guerra para, segundo o Comando Militar do Sudeste, “poder contribuir para as ações necessárias no curso da investigação”, enquanto depoimentos são colhidos.

Inicialmente, cerca de 480 militares estavam aquartelados no local, mas, na noite de terça-feira (17), o Exército anunciou que a situação havia mudado “do estado de prontidão para sobreaviso, o que significa uma redução do efetivo da tropa aquartelada”. Assim, 320 foram liberados para voltar para casa ao final do dia.

O QUE É AQUARTELAMENTO?

Aquartelamento é o procedimento que mantém militares dentro do quartel e costuma ser acionado em situações em que a tropa precisa ser mobilizada rapidamente para a ação. No caso do sumiço de 21 armas do Arsenal de Guerra, o aquartelamento serviu tanto para manter suspeitos no local quanto para agilizar uma eventual operação de busca das armas.

Por medida de segurança, ninguém pode entrar ou sair da base durante as investigações, e todos os militares, incluindo oficiais, soldados e praças, tiveram os celulares recolhidos. O único contato com o exterior ocorre durante visitas de familiares, permitidas entre as 9h e as 21h.

QUAIS ERAM AS HIPÓTESES PARA O SUMIÇO DAS ARMAS?

Segundo o Ministério Público Militar, a princípio o Exército investigava três possibilidades para o sumiço: se as armas foram furtadas, se foram desviadas ou, ainda, se houve erro em alguma conferência anterior que resultou em discrepância na contagem do armamento. A Folha de S.Paulo mostrou que a tese de contagem errada foi descartada logo no início, permanecendo as outras duas.

COMO A POLÍCIA CIVIL DO RIO DE JANEIRO AJUDOU NA INVESTIGAÇÃO?

A investigação do Exército se concentrou na hipótese de furto após a Polícia Civil do Rio de Janeiro enviar um vídeo que circulava nas redes sociais com imagens de quatro metralhadoras de grosso calibre sendo oferecidas ao Comando Vermelho.

As armas são de modelo semelhante às furtadas no Arsenal de Guerra e, internamente, oficiais que atuam na investigação reconheceram a possibilidade de serem as metralhadoras levadas do quartel. Como o vídeo foi gravado logo após o feriado de 7 de Setembro, o Exército decidiu se concentrar nas suspeitas de que as armas teriam sido furtadas no Dia da Independência, quando o quartel estava esvaziado.

Nesta quinta (19), a Polícia Civil do Rio apreendeu 8 das 21 armas na Gardênia Azul, na zona oeste da capital fluminense, a mesma comunidade da quadrilha suspeita de matar três médicos na Barra da Tijuca.

QUAIS SÃO OS SUSPEITOS IDENTIFICADOS PELO EXÉRCITO?

O Exército identificou três militares suspeitos de participar do furto e investiga se o trio foi cooptado por facções criminosas para o extravio do armamento. Militares que trabalhavam como plantonistas no feriado de 7 de Setembro estão entre os suspeitos.

O Exército também pretende punir internamente os responsáveis pelo controle do armamento, que só identificaram o furto mais de um mês após o crime. Os principais suspeitos foram notificados no inquérito policial militar aberto para investigar o crime, para apresentar suas defesas. Em nota, o Comando Militar do Sudeste afirmou que o inquérito está sob sigilo e não confirma a identificação de suspeitos.

QUEM ESTÁ ENVOLVIDO NA INVESTIGAÇÃO?

A investigação é conduzida pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro e conta com o apoio do Comando Militar do Sudeste. Militares do Rio de Janeiro e do Distrito Federal também estiveram no Arsenal de Guerra como parte da apuração. O Inquérito Policial Militar tem prazo de 40 dias e é conduzido sob sigilo.

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que, em razão do “evidente risco de desdobramentos para a segurança da população”, as polícias Civil e Militar trabalham para auxiliar na localização do armamento desaparecido, ainda que o Exército não tenha registrado boletim de ocorrência sobre o caso.

Já o Ministério Público Militar foi comunicado do sumiço das armas e solicitou informações sobre a investigação ao Exército. Os procuradores militares, porém, só devem participar do caso após a conclusão do inquérito conduzido pela Força.

ESTE É O PRIMEIRO FURTO DE ARMAS DO EXÉRCITO?

Não. Já houve outros casos. Mas, segundo levantamento do Instituto Sou da Paz, o furto atual é o maior desde o ocorrido em 2009 em um batalhão do Exército em Caçapava (a 100 km de São Paulo). Em março daquele ano, o batalhão foi atacado por homens armados. Dois soldados foram rendidos pelos criminosos, que levaram sete fuzis.

Em outubro de 2019, bandidos fizeram um buraco no muro dos fundos do Museu do Parque Osório, em Tramandaí (RS), cidade a 118 km da capital Porto Alegre, e levaram dois fuzis 7,62, duas submetralhadoras .45, duas metralhadoras .45, um revólver .32 importado e um revólver calibre 44 importado, além de munição antiga de vários calibres. Uma semana depois, o armamento foi encontrado em uma jazida de areia desativada no Balneário Santa Terezinha, em Imbé (RS).

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