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Brasil

Rios da mata atlântica têm leve melhora na qualidade da água, aponta estudo

Em 2023, a qualidade regular da água esteve presente em 77% dos pontos estudados, contra 75% em 2022

Redação Jornal de Brasília

21/03/2024 21h16

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

JORGE ABREU
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A qualidade das águas dos rios que compõem a mata atlântica teve uma melhora gradativa, de acordo com estudo produzido ao longo de 2023 pela Fundação SOS Mata Atlântica. O relatório da ONG é lançado anualmente e marca o Dia Mundial da Água, celebrado nesta sexta-feira (22).

Segundo o levantamento, divulgado nesta quinta (21), nenhuma análise teve avaliação “ótima”, o melhor nível de qualidade da água, repetindo o cenário de 2022. Contudo, o índice de classificação “boa” (8%) teve uma melhora, se comparado ao ano anterior (6,9%).

O índice “regular” também teve uma leve melhora. Em 2023, a qualidade regular da água esteve presente em 77% dos pontos estudados, contra 75% em 2022.

A classificação “ruim”, por sua vez, teve queda. Em 2023, 12,1% dos locais foram enquadrados na categoria, enquanto no levantamento anterior eram 16,3%.

A avaliação “péssima”, porém, teve aumento: 2,9% em 2023, frente a 1,9% no ano anterior.

Os dados, parte do programa Observando os Rios, da SOS Mata Atlântica, são resultado de 1.101 análises em 174 pontos de 129 rios e corpos d’água em 80 municípios de 16 estados da mata atlântica. O projeto tem patrocínio da marca Ypê e apoio de Nespresso e Flex Foundation.

Em relação a cada ponto de análise individual, a condição da qualidade da água melhorou em 12 e piorou em 4. No restante, foi mantida a média de qualidade de 2022. Destacam-se os rios Mamanguape, na Paraíba, e o ribeirão do Curral, em Ilhabela (SP), que saíram de condição regular para boa.

No Sul, o rio do Brás, em Santa Catarina, além dos arroios Feitoria e Noque, ambos no Rio Grande do Sul, foram de média ruim para regular. Esses três corpos hídricos estavam com classificação péssima no estudo anterior.

Gustavo Veronesi, porta-voz da SOS Mata Atlântica, destaca que, apesar da melhora nos índices, o quadro de alerta em relação aos rios do bioma persiste, revelando a fragilidade da condição ambiental de parte significativa dos corpos d’água monitorados.

“Essa pequena melhora nos mostra que há possibilidade dos nossos rios terem outra realidade, que não servem apenas para serem um mero receptor dos nossos dejetos. A gente precisa melhorar muito na gestão da água, porque é o rio que nos conta tudo, se a gestão está indo bem ou não”, diz.

Veronesi destaca a melhoria da qualidade da água do rio Tietê, na divisa de São Paulo com Guarulhos, mas pondera que ainda há muitos desafios para solucionar a questão de saneamento básico na região.

Nesse trecho avalaido, a análise apontou que a qualidade da água passou de ruim para regular.

Já o rio Pinheiros segue com classificação péssima nos três pontos de medição do estudo, assim como no ano anterior. Para Veronesi, o governo de São Paulo adota um “marketing positivo” em torno da despoluição que diverge dos resultados do estudo.

Em nota, a Semil (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística) diz que o relatório produzido pela SOS Mata Atlântica adota critérios diferentes dos utilizados pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado) no número de variáveis, tipos de parâmetros e metodologia de cálculo -fatores que podem refletir em classificações distintas de faixas de qualidade.

A Cetesb monitora a qualidade da água em quatro pontos de amostragem da bacia do rio Pinheiros e também em 17 afluentes ao longo do rio. Segundo a pasta, os dados do período de 2020 a 2023 evidenciam melhora da qualidade da água.

Também procurada pela reportagem para comentar as suas ações contra a poluição das águas, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) afirma que o programa Córrego Limpo, em parceria com a Prefeitura de São Paulo, já despoluiu 161 córregos urbanos desde 2007, beneficiando mais de 3,5 milhões de pessoas na capital.

A Sabesp frisa ainda que a recuperação de um córrego urbano não se resume à remoção de esgoto, já que ele recebe grande carga de poluição difusa (resíduos diversos lançados pela população ou carregados pela chuva, como restos de asfalto, combustíveis e graxa de veículos, lixo, dejetos de animais, entre outros).

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