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Brasil

Reconstituição de crime ocorreu sob coação, diz defesa da mãe do menino Henry

A professora Monique Medeiros, 32, e seu então namorado, o vereador Dr. Jairinho, 43, foram indiciados nesta segunda (3) pelo homicídio da criança

Redação Jornal de Brasília

04/05/2021 18h17

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Júlia Barbon
Rio de Janeiro, RJ

Os advogados da mãe do menino Henry Borel, morto aos 4 anos em março dentro de casa, afirmaram que o inquérito do caso foi finalizado prematuramente, com erros investigativos, e que a Polícia Civil do Rio de Janeiro promoveu vazamentos seletivos de informações à imprensa.

A professora Monique Medeiros, 32, e seu então namorado, o vereador Dr. Jairinho, 43, foram indiciados nesta segunda (3) pelo homicídio da criança. Aos dois também foi imputado o crime de tortura por episódios que ocorreram em outros dias. Ele em duas ocasiões e ela em uma, por omissão.

Em nota divulgada logo após entrevista coletiva concedida pelos delegados responsáveis pelo caso nesta terça (4), a defesa diz que “foram reinquiridas várias pessoas e admitida mudança de seus relatos. Monique não teve igual direito, em ‘dois pesos e duas medidas'”.

Os advogados apontam que “a reconstituição dos fatos, baseada em versão irreal de Monique sob coação e dissimulação, é imprestável” e que “o inquérito não aprofundou investigação sobre receitas, obtenção e uso de medicamentos, relatado pelas vítimas, embora esta defesa tenha expressamente requerido”.

Também argumentam que não teve acesso integral à investigação. “[A polícia] estranhamente promoveu vazamentos seletivos apenas do conteúdo do celular de Monique e não deu acesso à defesa a integralidade da investigação, com graves violações à prerrogativas profissionais e dispositivos processuais penais”.

O comunicado fala ainda que os investigadores ignoraram um padrão de violências contra mulheres e crianças por parte de Jairinho, “sem levar em conta que Monique é mais uma das muitas vítimas, com o terrível diferencial da trágica morte de Henry”.

Os advodados Thiago Minagé, Hugo Novais e Thaise Mattar Assad concluem dizendo que tratar Monique como coautora do crime é um “erro injustificável” e que a professora é inocente “neste hediondo crime que vitimou seu filho”.

Nesta segunda, a defesa de Jairinho também se manifestou sobre o indiciamento, afirmando que “todos estão com muita pressa, esquecendo da legalidade, da regularidade do inquérito policial. Estão desprezando toda a garantia que mesmo na fase inquisitorial é assegurado aos acusados em razão do clamor público, do sentimento das pessoas”.

Em áudio encaminhado à Folha, o advogado Braz Sant’Anna disse que esse “é um caminho muito errado” e que “a defesa vai mostrar no curso do processo que a história não é essa, que a verdade é completamente diferente do que a polícia e o Ministério Público estão querendo mostrar”.

Questionado sobre por que Monique não foi ouvida novamente no inquérito após mudar sua versão em duas cartas escritas na prisão, o delegado Henrique Damasceno voltou a dizer que ela já teve a oportunidade de falar e terá novamente, em juízo.

Ele afirmou ainda que não há qualquer indício de que ela estivesse sendo coagida.

“O que houve foi uma mentira do começo ao fim”, afirmou. “Está muito bem apontado que nessas cartas existem muitos fatos que não são verdadeiros, que são mentirosos. Eu não tenho qualquer elemento que demonstre que essa mãe estava sendo coagida.” A polícia defende que, sabendo das agressões, ela tinha o dever de afastar o filho do agressor.

“A posição dela estava muito longe de mulher subjugada em relação a uma rotina de violência. O que nós demonstramos com muita clareza foi que ela estava ciente de tudo que aconteceu com o filho e, mesmo depois da morte, manteve uma versão mentirosa até o último momento”, completou.

As informações são da FolhaPress

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