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Brasil

Proporção de pessoas LGBTQIA+ entre os mais jovens é o triplo do que entre os mais velhos

O levantamento foi contratado pela Havaianas e a organização All Out, movimento global focado no apoio jurídico à comunidade

FolhaPress

21/09/2022 20h27

Bruno Lucca
São Paulo, SP

A proporção de pessoas que se identifica como LGBTQIA+ no Brasil é maior entre grupos mais jovens e diminui de acordo com a faixa etária, aponta nova pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta (29).

No total da população, 9,3% dos entrevistados afirmaram que pertencem a comunidade LGBTQIA+ –81% dizem não fazer parte do grupo e 8% não quiseram se identificar.

A pesquisa foi realizada com 3.674 pessoas, maiores de 16 anos, em 120 municípios das cinco regiões brasileiras. Foram duas etapas: de 10 a 13 de maio e 7 a 13 de junho deste ano. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.

O levantamento foi contratado pela Havaianas e a organização All Out, movimento global focado no apoio jurídico à comunidade.

A proporção de LGBTQIA+ varia pouco entre as regiões do país. O Centro-Oeste lidera (com 10,1%), seguido de Sudeste (9,9 %), Norte (9,8 %), Sul (8,7%) e Nordeste (8,5%). A incidência do perfil tende a ser maior nas regiões metropolitanas (10,9%) do que em cidades do interior (8,2%).

O Datafolha também perguntou à população não LGBTQIA+ sua opinião sobre a comunidade. Para o extrato, foram realizadas 3.194 entrevistas em 120 municípios de todo o país.

De acordo com a pesquisa, 85% desses entrevistados disseram respeitar as pessoas LGBTQIA+ (85%).

A taxa cai para 79%, porém, quando a questão é se a população LGBTQIA+ deve ter os mesmos direitos da população não LGBTQIA+.

Quando a pergunta é se os LGBTQIA+ tem direito de realizar demonstrações públicas de afeto, o valor é ainda mais baixo, de 53%.

Ana Andrade, do All Out América Latina, diz que a pesquisa é de extrema importância para entender como este grupo é percebido pelo restante da população brasileira.

Para ela, a discrepância geracional e a visão de indivíduos fora da comunidade LGBTQIA+ são um retrato da violência no país.

“Muitas pessoas LGBTQIA+ não vivem 60 anos. Travestis e transexuais femininas, por exemplo, têm uma expectativa de vida de 35 anos. Sobre a população heterossexual e cisgênero, as respostas evidenciam um instinto violento. Dizer que respeita, mas não aceita o afeto, é ser extremamente violento quanto à existência do outro como igual”, diz Andrade.

Em maio deste ano, a divulgação dos primeiros dados sobre orientação sexual da população brasileira feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicou que cerca de 95% da população brasileira se declara heterossexual, 1,13% homossexual e 0,69% bissexual.

O dado, porém, foi visto por especialistas como frágil por ignorar a sexualidade de pessoas transgênero e promover um reforço simbólico da heterossexualidade como padrão.

A pesquisa foi feita por meio da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) em 2019. O instituto, porém, não investigou o tamanho da população transgênero e a prevalência de cada orientação sexual nesse grupo –uma pessoa transgênero pode se declarar como heterossexual ou homossexual, entre outros.

Na pesquisa realizada agora pelo Datafolha, 1,7% da população que se declarou LGBTQIA+ se identificou como trans ou travesti, 0,8% como não binário e 0,98% como intersexo. Já sobre orientação sexual, 2,7% do total de entrevistados se identificou como bissexual, 1,6% como gay e 1,2% como lésbicas.

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