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Pressionado, governo russo promete apresentar estudos sobre vacina ao Brasil

O CEO do Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF, na sigla em russo), Kirill Dmitriev, disse que 40 mil voluntários serão vacinados na terceira fase de estudos da doença

Redação Jornal de Brasília

26/08/2020 18h06

O embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov, prometeu nesta quarta-feira, 26, enviar ao governo e a parlamentares estudos sobre o desenvolvimento da Sputnik V, vacina contra a covid-19. Cobrado sobre estes dados durante reunião na Câmara dos Deputados, Akapov mostrou um calhamaço recém-chegado às suas mãos, segundo ele. “Acabamos de receber os documentos sobre os resultados de pesquisas e provas da primeira e segunda etapa (da pesquisa clínica). Vamos a partir de hoje enviar, é um documento muito volumoso, a todos os participantes da reunião de hoje”, afirmou, mostrando os papeis.

O CEO do Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF, na sigla em russo), Kirill Dmitriev, disse que 40 mil voluntários serão vacinados na terceira fase de estudos da doença, a última antes do pedido de registro para comercialização do produto. Segundo ele, a ideia é realizar parte dos estudos no Brasil, além da produção do imunizante ao País e a vizinhos da América Latina.

Antes de apresentar a papelada, o governo russo havia sido cobrado sobre os estudos. “Me sinto frustrado porque não conseguimos ter informação com maior precisão do ponto de vista técnico”, disse o deputado Luizinho (PP-RJ), presidente da comissão que acompanha ações contra a pandemia.

Dmitriev citou como parceiros para a produção no Brasil o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), ligada ao governo paranaense, e as empresas União Química e Eurofarma.

Procurada, a União Química disse que “disponibilizará toda sua estrutura industrial, tecnológica e biotecnológica no Brasil para auxiliar e apoiar o desenvolvimento e produção de vacina contra a covid-19 em benefício da população brasileira”. A empresa confirmou que trabalha junto ao governo russo para elaboração da Sputnik V. A Eurofarma disse que “não há nenhum compromisso firmado” sobre a fabricação do imunizante.

Os estudos sobre o produto russo geram dúvida na comunidade científica. As pesquisas para a vacina estão na fase 3, segundo o governo Vladimir Putin, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a droga está na primeira etapa dos estudos. Os desenvolvedores russos ainda não divulgaram detalhes sobre os resultados das fases anteriores.

Dmitriev disse que os resultados de estudos da Sputnik V serão publicados numa “revista internacional” na próxima semana. Ele declarou ainda que a vacina poderá ser fornecida em outubro.

Diretor do Instituto Gamaleya, Alexander Gintsburg afirmou que a imunização deve durar por dois anos. O fármaco é aplicado em duas doses, em intervalos de três semanas. Ele afirmou que o produto foi desenvolvido em apenas cinco meses, mas utiliza tecnologia em estudo há 20 anos na Rússia, já aplicado em vacinas contra o vírus da Ebola e Mers.

Segundo Gintsburg, cerca de 100 pessoas receberam, na Rússia, a vacina testada contra a covid-19 nas primeiras fases de estudos. “Elas têm título de anticorpos muito altos.” Ele afirmou que a terceira fase de ensaios clínicos deve levar ainda seis meses. “Conforme resultado, vamos escrever relatório e receber registro definitivo”, disse.

Presidente do Tecpar, Jorge Callado disse que há acordos de confidencialidade com o governo russo sobre estudos para desenvolvimento da vacina, mas que a sua equipe analisa os papeis e fará reunião com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar de pedido de autorização de estudos em voluntários no Brasil, além da fabricação da droga. “Estudo tem 600 páginas e, segundo nossas equipes, são bem positivos, bem promissores”, disse Callado.

Outras vacinas

A aposta do governo federal é no modelo de vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e o laboratório britânico AstraZeneca. O governo liberou cerca de R$ 2 bilhões para que a Fiocruz receba, processe e distribua cerca de 100 milhões de doses.

O Instituto Butantã pretende fabricar 120 milhões de doses da Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac. Representantes do governo paulista pediram aporte de R$ 1,9 bilhão ao Ministério da Saúde no projeto.

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quarta-feira, por meio de sua assessoria, que “tem interesse na vacina para o combate à covid-19 que seja comprovadamente eficaz para garantir a sau?de dos brasileiros”.

O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, já criticou as tratativas do governador paulista, João Doria (PSDB), para fabricar a vacina desenvolvida na China.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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