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Brasil

Polícia investiga se certificado de produto usado em petisco de cães foi adulterado

Segundo o delegado a suspeita é que o documento que acompanha as notas fiscais na compra do propilenoglicol tenha sido adulterado

FolhaPress

20/09/2022 20h44

Foto: Divulgação

Lucas Lacerda
São Paulo, SP

A Polícia Civil paulista investiga se houve adulteração em certificados de lotes de propilenoglicol utilizados em petiscos de cães. A contaminação do composto é uma das causas suspeitas para a morte de cachorros em nove estados e no Distrito Federal.

Segundo o delegado Vilson Genestretti, titular da Delegacia de Investigações Sobre Infrações Contra o Meio Ambiente, a suspeita é que o documento que acompanha as notas fiscais na compra do propilenoglicol tenha sido adulterado.

O certificado que assegura o uso alimentar do propilenoglicol deve conter a informação sobre o chamado grau USP, conferido por laboratórios aos produtos que seguem os padrões internacionais de pureza estabelecidos pela Farmacopeia dos Estados Unidos.

Representantes das empresas que comercializam o composto, a Tecno Clean e a AD& Química foram ouvidas pela investigação nesta semana. Segundo Genestretti, as investigações estão sendo centralizadas nas duas distribuidoras em uma tentativa de rastrear a origem dos produtos. O delegado afirma que o gerente e a proprietária da A&D confirmaram a venda do propilenoglicol para a Tecno Clean.

“Ele confirma que vendeu e estamos investigando aqui uma possível alteração do certificado que acompanha a nota fiscal. Tenho de esperar os laudos, apreendemos objetos fornecidos pelo próprio administrador da A&D, que não se furtou a falar, e agora estamos na fase de produzir provas”, disse Genestretti.

O propilenoglicol vendido pela A&D para a Tecno Clean não continha a informação de pureza no certificado técnico que acompanhou as seis notas fiscais. Assim, segundo o delegado, não poderia ser utilizado para fins alimentícios.

“Existe uma informação de modificação desse certificado depois da venda, é isso que estamos investigando. Já temos informação nos autos de como ocorreu essa solicitação de alteração. Agora preciso confirmar com laudos”, diz Genestretti.

A Bassar Pet Food será ouvida novamente nesta semana e deverá apresentar notas fiscais e certificados dos lotes de propilenoglicol que comprou da Tecno Clean.

O que se sabe sobre a morte de cães e os petiscos De acordo com as investigações iniciais, a principal suspeita é que tenha ocorrido a contaminação do propilenoglicol, que é um ingrediente utilizado na fabricação dos petiscos, por monoetilenoglicol, uma substância tóxica. O dietilenogicol, outro composto similar, foi o responsável pela intoxicação de 29 pessoas que consumiram a cerveja Belorizontina, produzida pela Backer, em 2019.

O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) também tem conduzido investigações e determinou a retirada do mercado de diversos produtos que continham lotes de propilenoglicol adulterados. A Bassar Pet Food e outras empresas também anunciaram o recolhimento dos itens.

Em mensagem publicada em seu site, a Bassa Pet Food disse que o recolhimento dos produtos fabricados a partir de 7 de fevereiro deste ano (marca próprio ou marca Bassar, com númeração acuma do lote 3329) ocorre após exames preliminares feitos pelo MAPA apontaram índicios de contaminação com etilenoglicol em insumos adquiridos de um de seus fornecedores.

Segundo a empresa, o consumidor deve devolver o produto à loja, “que deverá realizar o reembolso do valor gasto, independentemente de a embalagem estar aberta ou não, sem qualquer custo adicional”.
Assim que o caso passou a ser noticiado, a Bassa Pet Food declarou que estava colaborando com as autoridades desde o início do surgimento dos relatos dos casos.

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