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Polícia estuda pedir exame de sanidade mental sobre autor de ataque em SC

A Polícia Civil de Santa Catarina estuda pedir exame de sanidade mental no autor do ataque a uma creche em Blumenau (SC)brasil

Nathalia Maciel

11/04/2023 15h55

Foto: Reprodução

Catarina Scortecci

Curitiba, PR

A Polícia Civil de Santa Catarina estuda pedir exame de sanidade mental no autor do ataque a uma creche em Blumenau (SC), ocorrido na última quarta-feira (5) e que matou quatro crianças.


De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, há possibilidade de entrar com uma representação na Justiça estadual para pedir o exame de sanidade mental em razão das características do assassino.


A decisão de pedir o exame deve ser tomada até sexta-feira (14), quando está prevista a conclusão do inquérito. Até lá, psicólogos especializados devem verificar se há indicativos de problema psíquico.


O delegado conta que o autor do ataque, Luiz Henrique de Lima, que tem 25 anos e trabalhava como motoboy, disse à polícia que cometeu os crimes por ordem de um outro homem. Mas o envolvimento de uma segunda pessoa nos crimes já é uma hipótese descartada pela polícia.


A polícia já ouviu o suposto mandante, cujo nome não foi revelado à imprensa, e comprovou que os dois nunca se falaram. “Segundo ele, ele recebeu uma ordem para fazer isso, que teria que cometer os crimes para não morrer. Mas foi uma ordem mental. A pessoa que ele imputou como mandante nunca teve contato com ele, não tem nenhuma relação, nada. Como se fosse uma projeção na cabeça dele”, conta o delegado à reportagem.


A polícia analisou mais de 7.000 áudios de WhatsApp e também o computador do homem. A conclusão da perícia é de que ele teria agido sozinho e sem coordenação. “Não tinha nem preparo. Tanto que a ideia inicial dele era praticar o crime em outra creche, depois mudou de ideia e foi para outra”, diz o delegado.


O resultado do exame de sanidade mental interfere no tipo de sanção, afirma o investigador: se ele recebe uma pena ou uma medida de segurança. No primeiro caso, ele cumpriria pena de reclusão em um presídio. No segundo caso, ele ficaria em um hospital de custódia e receberia tratamento psiquiátrico.


O indiciamento, contudo, não se altera. Segundo o delegado, o inquérito na sexta-feira deve apontar para quatro homicídios quadruplamente qualificados (por motivo fútil, emprego de meio cruel, sem possibilidade de defesa e contra menor de 14 anos) e também para quatro tentativas de homicídio, com as mesmas qualificadoras, em função das crianças que ficaram feridas.


Nesta terça-feira (11), o delegado prevê concluir todas as inquirições. Deve ser divulgado nas próximas horas o resultado do exame toxicológico, que vai apontar se o criminoso estava ou não sob efeito de drogas.


A partir da conclusão do inquérito, o Ministério Público tem até cinco dias para oferecer a denúncia à Justiça. O processo deve tramitar na 2ª Vara Criminal de Blumenau e, sob sigilo, por se tratar de um caso envolvendo vítimas menores de idade.


Após matar as crianças, o homem se entregou na guarda do 10º Batalhão de Polícia Militar, o mesmo lugar onde ele se apresentou em 2011 logo depois de esfaquear o padrasto.


Ele tem ainda outras três passagens pela polícia, além do caso de 2011: por briga em casa noturna em 2016; e, em 2022, por posse de cocaína e por ter esfaqueado o cão do padrasto.


Na quarta-feira, ele foi preso e levado para o Presídio Regional de Blumenau. Na quinta-feira (6), ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva durante audiência de custódia.


A reportagem ainda tenta contato com a defesa dele. Na audiência de custódia, um representante da Defensoria Pública atuou no caso.


Na missa realizada na Catedral de São Apóstolo na noite de segunda-feira (10) em homenagens às quatro crianças mortas, dom Rafael Biernaski, bispo da Diocese de Blumenau, citou o autor dos crimes e pediu orações.


“Trata-se de uma pessoa humana também, que deixando se guiar pela escuridão, pelo engano, materializa este ato tão grave. E agora deve fazer o percurso da justiça humana, que ela seja feita com verdade, para que ele possa pagar. E no projeto de Deus, que ninguém possa ser excluído do amor e da misericórdia. Por isso, será um longo trabalho e por isso rezamos também por ele, para que Deus o toque”, disse Biernaski.


A missa foi organizada a pedido da diretora da creche Cantinho Bom Pastor, Alconides Ferreira de Sena.

Familiares das vítimas participaram da cerimônia, além de funcionários da creche e pais de alunos.


No início da missa, quatro crianças entraram na catedral segurando balões brancos, em forma de coração, com os nomes das vítimas: Bernardo Pabst da Cunha, 4, Larissa Maia Toldo, 7, Bernardo Cunha Machado, 5, e Enzo Marchezin Barbosa, 4.

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