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Brasil

Padre investigado por desvio de dinheiro afirma querer morte de envolvido em áudio

Marcus Eduardo Pereira

22/02/2021 9h44

Investigado por desvio de dinheiro de fiéis doados à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), em Trindade, Goiás, o padre Robson de Oliveira afirmou a um advogado que a morte de um dirigente da entidade, Anderson Fernandes, envolvido em esquemas de suborno, seria conveniente a ele. A conversa entre o sacerdote e o advogado foi encontrada em áudios apreendidos pelas autoridades.

As gravações foram obtidas e mostradas pelo programa Fantástico, os áudios ainda indicam pagamento de suborno a desembargadores.

“Se você pudesse matar ele para mim, eu achava uma benção. Acaba com esse cara, bicho. Isso aí só vai atrapalhar nossa vida. Para mim, até hoje, foi um atraso”, disse Robson em áudio enviado a advogado.

Em nota, a defesa do sacerdote afirmou desconhecer as mensagens e que elas são “frutos de montagens e adulterações feitas por pessoas inescrupulosas”. A nota ainda diz que o padre é vítima de extorsão e perseguição.

O dirigente envolvido na fala, Anderson Fernandes, afirmou em nota que o episódio era claramente uma brincadeira. Ele disse que Robson falava isso brincando com frequência, inclusive na frente dele. Anderson alega ainda que a gravação é claramente uma montagem e que está sendo utilizada de forma descontextualizada e errônea.

A presidência do Tribunal de Justiça de Goiás afirma que quanto ao suborno de desembargadores, não se pode presumir a ocorrência de irregularidades no julgamento de processos a partir de conversa mantida entre advogado e cliente.

Entenda o caso

Padre Robson era investigado na Operação Vendilhões, que cumpriu mandados de busca e apreensão em agosto de 2020, para apurar crimes como lavagem de dinheiro, apropriação indébita e falsidade ideológica nas “Afipes”, associações que movimentaram em torno de R$ 2 bilhões em dez anos. De acordo com a investigação, os valores desviados foram usados, entre outros fins, para a compra de fazendas, um avião e uma casa de praia.

O processo que investiga as supostas irregularidades está interrompido pela Justiça. O Ministério Público de Goiás já apresentou recurso no Superior Tribunal de Justiça, mas ele ainda não foi analisado.

Gravações

Com os áudios divulgados neste domingo (21), o Ministério Público de Goiás tem provas que reforçam o envolvimento do padre nos crimes. De acordo com a investigação, muitos foram registrados durante reuniões, que o padre costumava gravar secretamente.

Segundo os investigadores, todas as gravações passaram por perícia técnica, que comprovou serem mesmo do padre. Os áudios estavam em HDs, computadores e no celular do padre – material que foi apreendido durante a operação do Ministério Público.

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