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Brasil

O que deve acontecer após o colapso de mina da Braskem em Maceió

O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), chegou a anunciar na noite de domingo a desapropriação da área da Braskem

Redação Jornal de Brasília

11/12/2023 14h39

Foto: reprodução/ Braskem

NICOLA PAMPLONA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

Após o colapso, neste domingo (10), da mina 18 da Braskem, a expectativa de técnicos e autoridades é que a situação do terreno se estabilize sem maiores consequências nem para outras minas na região nem para os moradores de Maceió.

O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), chegou a anunciar na noite de domingo a desapropriação da área da Braskem para construção de um parque para preservar a memória dos moradores dos bairros afetados.

Especialistas, porém, dizem que ainda não é possível decretar o fim da emergência na mina. Com o rompimento de sua estrutura, a tendência é que ela seja preenchida por água e detritos, mas ainda há risco de um desabamento total.

Nessa hipótese, chamada de dolinamento, há risco de abertura de uma grande cratera no local da mina, que ampliaria a área do lago Mundaú. A professora Regla Toujaguez explica que isso ocorre quando todo o rompimento atinge todo o diâmetro da cavidade.

Nota técnica conjunta divulgada na sexta (7) pelas das defesas civis municipal, estadual e nacional estima que o dolinamento afetaria uma área equivalente a três vezes a área da mina, que tem um tamanho parecido ao de um campo de futebol, segundo a prefeitura.

Nesse raio, estão as instalações da Braskem à beira do lago Mundaú, parte delas já inundada pelo afundamento do solo neste domingo. “Pelos estudos e pela literatura, muito provavelmente a área atingida será na beira do lago”, afirmou nesta segunda (11) o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas.

As instalações da Braskem ainda têm diversas máquinas e veículos, que estavam sendo usados nos trabalhos de preenchimento da mina e agora não podem ser retirados por razões de segurança. Em caso de dolinamento, podem ser sugados para dentro do lago.

Os equipamentos de monitoramento da mina foram perdidos após o colapso. A Braskem informou neste domingo à ANM (Agência Nacional de Mineração) que está enviando um novo DGPS (aparelhos de alta precisão para detectar movimentações do solo) para área.

A área residencial adjacente já foi desocupada e as residências, demolidas. A nota técnica conjunta não diz que o sistema de monitoramento não apresenta anomalias em outras áreas adjacentes à da mina 18. Ao todo, são 35 minas de exploração de sal-gema na região.

“O risco em função do evento crítico em andamento não afeta outras áreas do município de Maceió”, afirma o texto. Neste domingo, o prefeito reforçou que o o dano foi localizado. “As pessoas que estão em outras áreas [da cidade] podem ficar tranquilas.”

Na noite de domingo, o governador disse ter determinado a desapropriação da área “para se tornar um grande parque estadual em respeito à memória de todos que moraram, que se criaram, que têm histórias e boas recordações nesses bairros que foram perversamente atingidos pelo crime da Braskem”.

Os possíveis impactos do colapso na mina se estendem à qualidade da água e à biodiversidade da lagoa, afetando a organização biológica e a paisagem do espaço, segundo Renato Lima, docente de geologia na USP (Universidade de São Paulo).

“Com a infiltração de água na mina, pode haver saída de fluidos estranhos ao sistema, como salmouras em várias concentrações”, explicou.

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