O governo federal esteve envolvido na contratação de uma empresa “laranja” para a realização da manutenção do presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. A companhia é encabeçada por um indivíduo sem capacidade financeira aparente para configurar em tal empreendimento. Este presídio foi palco da fuga de membros do Comando Vermelho no dia 14 de fevereiro.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, a empresa, que registra um faturamento anual significativo de R$ 195 milhões, tem como dono oficial um homem que recebeu o auxílio emergencial da Covid-19 e reside no Riacho Fundo, uma área de menor renda de Brasília. O acordo para a manutenção foi inicialmente firmado sob a administração de Anderson Torres, durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e posteriormente estendido na gestão de Flávio Dino, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sem a intervenção direta dos então ministros da Justiça.
A situação suscitou preocupações entre especialistas sobre a integridade do processo de contratação por parte de uma instituição de segurança máxima, gerando suspeitas de que as obras realizadas poderiam ter facilitado a fuga dos detentos. Apesar das múltiplas obras em progresso na unidade prisional, ainda não foi identificada qual teria auxiliado na fuga dos presos.
A companhia, R7 Facilities, com sede em Brasília, foi selecionada para o projeto com um orçamento de R$ 1,7 milhão, apesar das discrepâncias evidentes entre o perfil do proprietário e a magnitude dos contratos assumidos pela empresa. A investigação também destaca a trajetória incomum do dono oficial, desde a aquisição do negócio até os procedimentos de contratação com o governo, levantando questões sobre a transparência e a ética nos processos de licitação pública.
Em resposta às alegações, o Ministério da Justiça comprometeu-se a solicitar uma investigação aprofundada sobre a legalidade da empresa contratada, enquanto a própria empresa contestou as acusações de ser um veículo para operações ilícitas, defendendo sua conformidade com os requisitos técnicos e legais no momento da contratação.