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Brasil

Desemprego volta a subir e atinge 8,6%

Apesar da deterioração, o resultado ainda foi o mais baixo para esse período do ano desde fevereiro de 2015, quando estava em 7,5%

Redação Jornal de Brasília

31/03/2023 19h48

Foto: Agência Brasil

A taxa de desemprego no País subiu de 8,4% no trimestre terminado em janeiro para 8,6% no trimestre até fevereiro, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da deterioração, o resultado ainda foi o mais baixo para esse período do ano desde fevereiro de 2015, quando estava em 7,5%.

“Daqui para a frente, devemos ver uma trajetória de lenta elevação da taxa de desemprego. Nossa expectativa é de que a taxa ajustada sazonalmente encerre 2023 perto de 9%, podendo ficar um pouco abaixo disso. Para 2024, nossa projeção é de que a taxa evolua para 9,5%”, previu Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

Passado o período de excepcionalidade dos anos de pandemia de covid-19, o avanço da taxa de desemprego mostra um retorno do mercado de trabalho ao padrão de sazonalidade, mas é possível que haja também em algumas atividades influência do desaquecimento econômico, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

No trimestre encerrado em fevereiro de 2023, 1,571 milhão de pessoas perderam o trabalho, enquanto 483 mil passaram a buscar uma vaga, fazendo o contingente de desempregados subir a 9,224 milhões.

Embora tenha havido aumento na procura por trabalho, a migração de 1,473 milhão de pessoas para a inatividade em apenas um trimestre impediu um avanço ainda maior na taxa de desemprego. Com o enxugamento das vagas existentes, não fosse um aumento da inatividade, “certamente a população desocupada teria sido maior”, confirmou Beringuy.

“Se há pessoas que vão para fora da força, elas deixam de pressionar o mercado de trabalho”, confirmou a coordenadora do IBGE.

A população inativa – pessoas em idade de trabalhar que nem trabalham nem buscam emprego – está maior em 4,7 milhões de pessoas em relação ao nível pré-pandemia, lembrou o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores. “Se a gente estivesse com a taxa de participação de 2019, o desemprego, com ajuste sazonal, estaria em 11%, por isso, a taxa de desemprego não conta toda a história”, disse Imaizumi.

Para o economista da LCA, a redução no número de pessoas participando do mercado de trabalho pode ter relação com o desenho do programa Auxílio Brasil, em 2022, que foi pouco criterioso na distribuição dos benefícios. “Vimos esse aumento forte das famílias unicelulares, o que fez com que uma mesma família recebesse mais de um auxílio”, observou Imaizumi.

A redução na população trabalhando foi puxada majoritariamente pela formalidade no trimestre terminado em fevereiro de 2023. Entre o 1,571 milhão de pessoas que deixaram de trabalhar, 596 mil atuavam como informais, o restante tinha ocupação formal.

A queda no emprego formal foi puxada pelo setor público, mas as demissões ocorridas na indústria também ajudaram a desacelerar a geração de vagas no setor privado. (COLABOROU DANIEL TOZZI MENDES).

Estadão Conteúdo

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