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Brasil

Crianças e adolescentes são maioria entre não vacinados para a covid-19

O estudo abrangeu 210 mil domicílios em todos os Estados, envolvendo a participação de 200,5 milhões de pessoas

Redação Jornal de Brasília

24/05/2024 21h04

Foto: Divulgação/SES-DF

Divulgada ontem, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: covid-19, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que crianças e adolescentes são maioria entre os não vacinados contra a covid-19. O medo das reações adversas por parte de pais e responsáveis é o principal motivo por trás da não vacinação do grupo, que abrange a faixa de 5 a 17 anos.

O estudo, conduzido no primeiro semestre de 2023, abrangeu 210 mil domicílios em todos os Estados, envolvendo a participação de 200,5 milhões de pessoas. Dessas, 38.395 tinham entre 5 e 17 anos e 162.089 eram maiores de 18 anos. Os dados revelam que 14,8% dos indivíduos entre 5 e 17 anos, o equivalente a 5,7 milhões de crianças e adolescentes, não haviam recebido nenhuma dose da vacina até o momento do estudo. Em comparação, apenas 3,4% dos entrevistados com 18 anos ou mais estavam nessa situação.

Entre os motivos para a não vacinação, os responsáveis citaram principalmente o medo de reações adversas (39,4%). Outras razões incluíram: “não acha necessário, acredita na imunidade” (21,7%), “não confia ou não acredita na vacina” (16,9%), “por recomendação do profissional de saúde” (6,4%) e “não tinha a vacina que queria disponível” (5,7%). Outros 9,8% dos entrevistados indicaram que nenhuma dessas categorias refletia o motivo da não vacinação das crianças e dos adolescentes.

É importante ressaltar que a pesquisa considerou apenas crianças a partir de 5 anos de idade, pois o questionário foi elaborado em 2022, quando a vacinação ainda estava restrita a essa faixa etária. Apenas no início de 2024 a vacina contra a covid-19 foi incluída no calendário nacional de imunização para crianças a partir de 6 meses de idade.

Entre os adultos, o negacionismo em relação à eficácia da vacina foi prevalente: 36% dos não vacinados afirmaram que a decisão foi pela desconfiança na vacinação. Além disso, 27,8% relataram medo de reações adversas, 26,7% disseram não achar necessário por acreditarem na imunidade natural, 3,8% seguiram a recomendação de um profissional de saúde e 1,4% não encontrou a vacina desejada nas unidades de saúde. Outros 4,3% dos entrevistados declararam que nenhuma dessas categorias refletia o motivo da não vacinação.

No total, a pesquisa apontou que 11,2 milhões (5,5%) de pessoas entre os 200,5 milhões de entrevistados optaram por não receber nenhuma dose do imunizante. Em contraste, a maioria, 93,9%, optou por receber ao menos uma dose da vacina, totalizando 188,3 milhões de pessoas. Das pessoas que tomaram pelo menos uma dose de vacina, 58,6% tinham todas as doses recomendadas até o momento da pesquisa, enquanto 38,6% não tinham completado o esquema vacinal.

POR REGIÕES

No recorte territorial, a Região Norte concentra a maior quantidade de não vacinados (11%), seguida de Centro-Oeste (8,5%), Sul (6,3%), Nordeste (5,5%) e Sudeste (3,7%). Nas Regiões Norte, Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste, o principal motivo para o esquema vacinal incompleto foi o esquecimento ou a falta de tempo. Apenas na Região Sul o principal motivo foi a percepção de que a vacina não era necessária ou a perda de confiança no imunizante.

Em novembro, pouco antes de o Ministério da Saúde ampliar a vacinação contra a covid para pessoas a partir de 6 meses, especialistas ouvidos pelo Estadão explicaram a importância dessa medida. Segundo eles, a covid-19 está se tornando cada vez mais uma “doença pediátrica”, com um número significativo de casos graves em crianças.

“Neste momento, se você analisar os dados não só do Brasil, mas dos Estados Unidos também, o risco de casos graves e morte de crianças é praticamente comparável ao da população com mais de 80 anos. As crianças foram muito menos expostas, o que resulta em uma menor imunidade natural, e, sem vacinação, passam a ser um grupo muito suscetível”, disse a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia do Hospital Emílio Ribas.

Estadão Conteúdo.

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