Menu
Brasil

Chuva deixa 1/3 do RS sem água, fecha hospitais e ameaça 12 barragens

Em dez dias, Rio Grande do Sul registrou o equivalente a três meses de chuva

Redação Jornal de Brasília

05/05/2024 15h45

HENRIQUE SANTIAGO E HYGINO VASCONCELLOS
PORTO ALEGRE, RS (UOL/FOLHAPRESS)

As chuvas deixam 1,06 milhão de imóveis sem água, 418 mil sem luz e afetam o funcionamento de 110 hospitais no Rio Grande do Sul. Além disso, a elevação do nível dos rios coloca sob pressão 12 barragens, segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), em coletiva de imprensa na manhã de hoje, no qual também participou o presidente Lula (PT).

Em dez dias, Rio Grande do Sul registrou o equivalente a três meses de chuva. Ao todo foram 420 milímetros de precipitação entre os dias 24 de abril a 4 de maio, conforme o governo do Estado.

Os alagamentos fecharam 17 hospitais no Rio Grande do Sul. Outros 75 estão com atendimento parcial, segundo o governador.

Ontem, pacientes foram transferidos de helicóptero após o HPSC (Hospital de Pronto Socorro de Canoas) ficar alagado.

Das 12 barragens que estão sob pressão, duas delas estão em nível de emergência. E cinco estão em alerta e outras 5 em nível de atenção. A barragem 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, se rompeu parcialmente na quinta-feira (2).

Ao todo, 1 milhão de imóveis estão sem água no Estado. “Se colocar 3 pessoas por unidade, a gente está falando em 1/3 da população gaúcha desabastecida”, disse o governador. Além disso, há 418 mil pontos sem energia, segundo Leite. Dezenas de municípios estão sem telefonia e internet.

as enchentes afetam rodovias. Há 187 pontos de bloqueios nas estradas – desses 142 são totais e 45 parciais, ainda conforme o governador.

O aeroporto Salgado Filho está fechado por tempo indeterminado. A pista e o pátio apresentaram alagamentos no sábado (4).

O governador reclamou da dívida pública do Estado com a União. “O Rio Grande do Sul é um Estado que tem dificuldades para operar na normalidade por conta das restrições fiscais, grave problema que temos por conta de dívidas contraídas ao longo de tempos. (Se) já dificulta em tempos de normalidade, em tempos de excepcionalidade não vamos conseguir dar resposta, não vamos ter fôlego para responder se a gente não encaminhar determinadas soluções.”

Leite também criticou o limite de gastos imposto aos Estados. “Se colocar R$ 10 bilhões na nossa conta eu só posso gastar o limite do ano passado mais a inflação do período, eu não consigo fazer a despesa, vamos ter que trabalhar nessa lógica”, disse o governador.

Hoje, 27% da Receita Corrente Líquida do Estado vai para três despesas. R$ 3,5 bilhão para o pagamento da dívida com a União, R$ 1,8 bilhão para precatórios e R$ 10 bilhões com déficit previdenciário.

“Não haverá impedimento da burocracia para que a gente recupere a grandiosidade desse estado”, rebate Lula. O presidente citou ainda a criação de um plano para prever esse tipo de desastre.

A reconstrução do Estado é chamada de Plano Marshall por governador. O Plano Marshall foi um programa de ajuda financeira dos Estados Unidos para reconstruir os países da Europa Ocidental destruídos após a 2ª Guerra Mundial, no final dos anos 40

A Defesa Civil emitiu um alerta de inundação para 16 municípios da região metropolitana de Porto Alegre. Além da capital gaúcha estão na lista: Barra do Ribeiro, Canoas, Cachoeirinha, Charqueadas, Eldorado do Sul, Gravataí, Guaíba, Montenegro, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Pareci Novo, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Taquara, Triunfo.

Nem todos os bairros serão atingidos da mesma forma, explica a Defesa Civil. “Áreas mais altas não serão afetadas com a mesma intensidade. Quem mora em áreas mais baixas deve buscar abrigo em locais seguros”.
As chuvas no Rio Grande do Sul já mataram 75 pessoas, segundo boletim da Defesa Civil. São 103 desaparecidos e 155 feridos até a manhã deste domingo (5).

Lula voltou do Estado acompanhado de ministros e políticos. O presidente fechou acompanhado da primeira-dama, Janja, de 13 ministros de seu governo, além dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ministros do STF e do TCU também fazem parte do grupo.

“Está faltando o básico para a cidade”, diz o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo.

O prefeito diz contar com a “sensibilidade” de Lula para a liberação de mais recursos para socorrer as pessoas afetadas pelas enchentes.

“O senhor [Lula] tem que dispor todos os recursos que tem. Está faltando o básico para a cidade. Estão faltando botes, coletes na minha cidade, mas isso se estende para muitas dezenas de municípios. Não se pode esperar dois dias, tem que ser hoje, tem que ser agora.”

O prefeito afirmou que 70% da capital está sem água. Melo destacou que os caminhões-pipa estão quase sem combustível. Segundo ele, o Hospital Mãe de Deus teve de ser evacuado com centenas de pacientes por causa do alagamento. “Temos que nos concentrar em salvar vidas e depois em reconstruir vidas.”

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado