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Brasil

Carnaval do Rio se reencontra com a alegria de viver

Adeus à pandemia e aos anos sombrios da cultura de Jair Bolsonaro

Redação Jornal de Brasília

20/02/2023 10h08

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Adeus à pandemia e aos anos sombrios da cultura de Jair Bolsonaro: o Carnaval carioca recuperou no domingo (19) a alegria de viver com um show no Sambódromo repleto de fantasia e autoconfiança.

“É uma sensação de liberdade e felicidade sem comparação, indescritível”, resumiu Debora Soares, modelo de 25 anos da favela Cidade de Deus, enquanto tirava selfies com outras dançarinas em um carro alegórico verde durante o primeiro desfile.

Na famosa casa de shows carioca, cerca de 70 mil pessoas se entregaram de corpo e alma ao ritmo vibrante do samba e à criatividade das escolas, que durante meses confeccionaram com afinco milhares de fantasias e enfeites exóticos.

A Grande Rio, campeã do carnaval de 2022, despertou entusiasmo com um carro alegórico em que giravam dois carrosséis gigantes, que parecia devolver o público à infância.

A Mocidade transformou seus figurantes em graciosas espigas de milho e todas as escolas contavam, como manda a tradição, com radiantes dançarinos que agitavam até o último músculo envolto em penas.

“Vai ser um carnaval inesquecível”, previu Iaraci Santos, enfermeira de 64 anos.

“Desfilo desde os sete anos, mas toda vez que entro na avenida é como se fosse a primeira. Dá vontade de chorar”, completou.

Os foliões estavam mais impacientes do que nunca este ano para comemorar sua festa favorita depois que a pandemia de covid-19 forçou o cancelamento da edição de 2021 e restringiu a edição de 2022, realizada excepcionalmente em abril.

Muitos também comemoram o fim do mandato do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, que cortou verbas para a cultura e menosprezou o carnaval.

“Felicidade redobrada”

Seu sucessor,  Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu dar asas à cultura novamente enquanto sua esposa “Janja” esteve presente neste domingo no carnaval de Salvador (nordeste), segundo imagens divulgadas pela imprensa local.

“A felicidade é redobrada. Com esse carnaval podemos celebrar o fim desse governo, e também deixamos para trás os horrores da pandemia”, que no Brasil deixou cerca de 700 mil mortos, disse à AFP Amanda Olivia, 34 anos.

Olivia participou do desfile da Mangueira, assim como a ministra da Cultura, a cantora Margareth Menezes.

“Ainda não chegou a 100%”

A prefeitura do Rio estima que o carnaval atraia um total de cinco milhões de pessoas, incluindo o carnaval de rua que voltou a ser celebrado integralmente nos bairros da cidade pela primeira vez em três anos.

Em termos econômicos, isso significará R$ 4,5 bilhões (US$ 880 milhões), com uma expectativa de ocupação hoteleira superior a 95%.

No entanto, ambulantes do Sambódromo garantiram que a atividade não foi totalmente recuperada.

“Eu diria que estamos em 75%” do nível pré-pandêmico. “Ainda não chegou a 100%. Antes estava cheio de gente e agora está parado”, disse à AFP Guilherme Leal, cervejeiro com 22 carnavais.

No estado de São Paulo (sudeste), a festa foi marcada por uma tragédia: pelo menos 36 pessoas morreram no fim de semana devido às fortes chuvas no litoral norte, que recebe milhares de visitantes nestas datas festivas.

© Agence France-Presse

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